Shakira é amplamente reconhecida por sua versatilidade musical e pela habilidade de transitar por estilos como pop, reggaeton e ritmos latinos. No entanto, uma análise mais detalhada de sua trajetória revela uma forte conexão com o rock, que foi determinante para consolidar sua identidade artística nos primeiros anos de carreira. Esse vínculo com o gênero é frequentemente negligenciado, mas ele é essencial para entender a profundidade e o alcance de sua obra no mercado musical global.

Os álbuns “Pies Descalzos” (1995) e “¿Dónde Están los Ladrones?” (1998) são marcos claros dessa fase inicial. As faixas desses discos trazem arranjos marcados por guitarras elétricas, baixos intensos e baterias que evocam o dinamismo do rock alternativo. Em “Si Te Vas”, por exemplo, o peso das cordas e a energia da composição criam uma atmosfera que te envolve, enquanto “Inevitable” explora uma estrutura que remete à balada roqueira tradicional, com uma construção que cresce em intensidade emocional e sonora.
A abordagem de Shakira também foi enriquecida por suas letras, que frequentemente abordavam questões de identidade, relacionamentos e autodescoberta de forma contundente e acessível. Sua maneira de compor e interpretar revelou uma maturidade artística que contrastava com a imagem mais comercial de outros artistas pop da época. Além disso, sua voz, com uma amplitude impressionante e um timbre distintivo, trouxe ao rock uma singularidade que tornou seu trabalho imediatamente reconhecível.
As performances ao vivo durante esse período também refletiram essa influência. Shakira subia aos palcos com a energia típica de grandes estrelas do rock, demonstrando uma conexão incrível com o público. A maneira como ela utilizava a linguagem corporal e sua capacidade de criar uma experiência intensa em cada show estabeleceram um padrão que ela continuaria a elevar em fases posteriores de sua carreira.
Outro ponto relevante é o contexto cultural da época. Nos anos 90, o rock latino ganhava força com bandas como Maná, Soda Stereo e Caifanes. Shakira conseguiu dialogar com esse movimento, mas trouxe um diferencial ao unir as bases roqueiras com elementos pop e traços de música folclórica latina. Essa fusão criou uma identidade musical única, que lhe permitiu expandir sua audiência e criar uma ponte entre diferentes estilos e públicos.
A relevância dessa base roqueira na trajetória de Shakira vai além da estética sonora. Ela utilizou o gênero como uma ferramenta para explorar temas profundos e desafiadores, ao mesmo tempo em que consolidava uma imagem artística autêntica e de credibilidade. Essa conexão com o rock não foi uma simples influência passageira, mas um componente estrutural que sustentou a transição da artista para o mercado internacional, provando que o gênero ainda era um dos pilares fundamentais para artistas que buscavam se destacar globalmente.
O legado dessa fase inicial é inegável. Mesmo que o foco de sua música tenha mudado ao longo dos anos, os elementos do rock permanecem presentes, seja em sua postura como artista, seja na maneira como ela aborda a criação musical. Shakira mostrou ao mundo que o rock é mais do que um gênero: é uma linguagem capaz de transcender barreiras culturais e servir como base para carreiras que buscam autenticidade e inovação.
Shakira vem ao Brasil em 2025 para uma série de shows com a “Las Mujeres Ya No Lloran World Tour“. A turnê no Brasil é apresentada pelo Santander Brasil, com patrocínio de Shell, Coca-Cola, Heineken e Decolar, além do apoio da Esfera. Mais informações estão disponíveis no link.