A Virada Cultural realmente perdeu sua essência?

No último final de semana, ocorreu a edição de 2024 da famosa Virada Cultural. Este ano, o evento passou por uma reimaginação em sua localização, não abrangendo apenas a região central de São Paulo, mas se expandindo para outras áreas da capital. Inicialmente, a nova configuração foi vista de forma negativa, mas, no saldo final, contribuiu para uma experiência melhor, apesar de algumas regiões terem recebido atrações de menor relevância em comparação com o epicentro principal no Vale do Anhangabaú.

Durante todo o fim de semana, palcos espalhados pela capital de São Paulo receberam diversos artistas. Entre as atrações das 12 arenas distribuídas por toda a cidade, destacaram-se Pabllo Vittar, Gloria Groove, Claudia Leitte, Maiara e Maraisa, Leonardo, Xamã, Léo Santana, Raça Negra, Maria Rita e Joelma. O evento também contou com pontos de coleta de doações para o RS.

Uma pauta que sempre será levantada em eventos dessa magnitude é a segurança do público e a importância que esse tipo de evento reflete em nossa sociedade. Não só pela disseminação da nossa cultura atual, mas também pelo impacto econômico, já que muitas pessoas aproveitam a presença das multidões para vender produtos e garantir sua subsistência. Eventos como a Virada têm como fundamento, além desses fatores, criar um ambiente de troca para todos os tipos de pessoas. Por exemplo, durante o show da cantora Joelma, era comum ver pessoas realizando o sonho de assistir a um show ao vivo da icônica cantora que marcou sua carreira com a banda Calypso. Era comum também presenciar pessoas se conhecendo, convivendo e trocando experiências.

Virada Cultural 2024 | Paulo Guereta/ Prefeitura de São Paulo

A segurança, de modo geral, foi boa, mas poderia melhorar em alguns pontos. A criação de cercados em algumas áreas dificultou a circulação de pessoas, e a segurança em torno dos banheiros também poderia ser reforçada. Convenhamos, usar banheiros químicos já não é uma tarefa muito agradável, e em meio a uma circulação intensa de pessoas, a experiência se torna ainda mais complicada. No entanto, não podemos negligenciar as melhorias. Durante anos frequentando o evento, esta edição foi um marco significativo em termos de aprimoramento da experiência, que, se seguir este ritmo, deve continuar a melhorar cada vez mais.

O Caderno Pop acompanhou alguns dos shows espalhados pela cidade, incluindo o grande destaque da edição, nossa tão amada maior drag do Brasil, Pabllo Vittar. Além de entregar um show completo, cheio de carisma, em diversos momentos ela se posicionou firmemente contra a discriminação no Brasil. No mês em que celebramos a luta contra a LGBTQI+fobia, Pabllo, entre uma música e outra, reforçou seu discurso de liberdade, amor e respeito, criando uma atmosfera de paz entre os presentes.

Em uma perspectiva final, a edição, apesar de ter alguns detalhes a serem melhorados, entregou o que prometeu: música, segurança e ambientes livres para trocas de experiências entre as pessoas. É emocionante acompanhar o crescimento e a melhoria desse tipo de evento, que leva música e cultura a um número cada vez maior de pessoas.

A Virada Cultural, que surgiu em 2005, foi inspirada pela “Nuit Blanche” de Paris, com o objetivo de revitalizar a área central de São Paulo e democratizar o acesso à cultura. Desde então, tem se expandido e se tornado um marco na agenda cultural da cidade, refletindo a diversidade e a riqueza cultural do Brasil. É inspirador ver como a música e a cultura têm o poder de unir pessoas de diferentes origens, proporcionando momentos de alegria, reflexão e conexão. Que eventos como a Virada continuem a crescer e a enriquecer a vida de todos os participantes, levando arte e cultura para cada vez mais pessoas.

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