A atriz e cantora Amanda Döring, lança sua primeira música autoral, com direito a clipe, chamado “Espelho”. Natural do Rio de Janeiro, é conhecida pelo público por trabalhar em musicais de sucesso como “Chacrinha, O Musical”, “60! Doc. Musical” e “70? Doc. Musical”, além da websérie LGBTQIA+ “Esconderijo”, que foi indicada a seis categorias no Rio Web Fest. Porém, Amanda tem uma paixão especial pela música, por isso resolveu usar o seu lugar de fala para compartilhar seu som e suas ideias.
“Em agosto do ano passado, mês da visibilidade lésbica, eu convidei a Gabi Porto, uma grande amiga, para fazer um vídeo comigo em homenagem a esse mês. Fizemos uma versão de “Flutua”, uma outra canção, e a repercussão foi muito linda! O compositor Johnny Hooker postou em suas redes prestando como sua homenagem à luta e visibilidade lésbica. Por conta da repercussão, decidimos continuar com o projeto. Em março, lançamos “Que estrago”, da Letrux, vídeo que foi proibido de ser patrocinado por conta do conteúdo, mais uma barreira de preconceito”, ressalta a cantora.
Mas a luta não terminou e em abril Amanda compôs “Espelho” e percebeu que não faria sentido gravar fora do projeto que já tinha começado com Gabi (Porto). Sendo assim, decidiram lançar em junho, para o mês do orgulho LGBTQIA+. O vídeo foi lançado no último dia 28 de junho e já conta com mais de 5 mil visualizações, sem nenhum patrocínio, somente no “boca a boca”. São mais de 90 comentários e mais de 700 reações de “gostei” e nenhuma de “não gostei”.
“Há um tempo me veio à mente a frase “esse espelho que é o teu corpo no meu” e essa ideia ficou na minha cabeça, que os corpos são espelhos em uma relação homossexual. Quando terminei a música, “Espelho” tomou um sentido muito maior. A letra e o conceito do vídeo me vieram num lugar de reconhecimento no outro, de que todos somos equivalentes e podemos nos unir nas diferenças ainda mais do que na busca pela semelhança, e que tudo que nós somos, a nossa verdade, é linda do jeito que é. Não precisamos ter vergonha, nos esconder, porque cada ser humano é uma poesia particular e precisamos ver isso em nós mesmos e no outro para ter mais empatia e amor ao próximo”, completa Amanda sobre a letra da música.
“O projeto é totalmente independente, sem grana, então percebi que para fazer esse vídeo precisaria chamar amigos meus, que topassem fazer no amor. Ou seja, todo o processo de amor e parceria em nome da causa, já se iniciou aí”, ressalta.
Amanda assumiu-se lésbica na adolescência e contou, felizmente, com um desfecho positivo em sua família, mas sabe que a realidade é bem diferente para muitas pessoas.
“Eu me entendi como mulher lésbica e me aceitei muito cedo, nunca tive relacionamentos com homens e lidei bem com isso. O preconceito familiar foi forte, como de costume, mas nunca desisti e, com o tempo, as coisas foram se resolvendo. Vejo como as circunstâncias e as realidades dos LGBTQIA+ são diversas e cruéis, em especial no nosso país. Esse projeto é só um início do que busco fazer pela comunidade, e o que está ao meu alcance nesse momento. Todos sofremos preconceito, em situações mais brandas ou mais graves, e precisamos sempre nos apoiar, ainda que não seja a nossa causa diretamente. Quero levar a minha perspectiva de beleza e orgulho, apesar do que passamos, para que cada vez mais nos vejamos com outros olhos e possamos passar esse olhar para o resto do mundo”, completa.
Ela também acredita que o posicionamento de tantos gays de forma mais ativa e com orgulho fazem a diferença frente a uma sociedade ainda tão machista e preconceituosa, como a brasileira.
“Todos precisamos de referência. Acredito que quanto mais natural e verdadeira for a nossa forma de viver, mais natural será para as pessoas. Quando nos escondemos, endossamos um pensamento de que o que somos ou estamos fazendo está errado, e é disso que precisamos fugir. Quanto mais vemos nossos pilares, em suas lutas, mais nos sentimos pertencentes, mais fortes e unidos. Todas as lutas são coletivas e precisamos sempre do outro. É importante que isso seja um movimento crescente, tanto de orgulho quanto de parceria”, acrescenta.
A música já está disponível em todas as plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Music. Além disso, Amanda faz algumas partes da letra no clipe na linguagem de libras.
“Eu sabia que pro vídeo era necessária uma mensagem muito visual e queria atingir o maior número de pessoas possível, assim veio a ideia das libras. Entrei em contato com a tradutora de libras do espetáculo que estou em cartaz, ela amou a ideia e traduziu! A tradução de músicas não é literal, então é também muito poética a forma como foi feita. Quero seguir com as libras nesse projeto, em especial, porque a mensagem é para todos e, às vezes, não nos atentamos que precisamos ser ainda mais inclusivos. Temos minorias dentro das nossas minorias, e é importante ter essa consciência – finaliza Amanda.
Assista: