Aposta do pop alternativo, LEAAN lança novo clipe e fala sobra nova fase

LEAAN (1)

Mais maduro, seguro e de peito aberto para reconhecer e dançar com seus medos, o cantor e compositor de pop alternativo LEAAN acaba de lançar o clipe da música “L”. A faixa mostra um LEAAN divertido, que se conhece e se respeita com suas dores e inseguranças. Esse é, inclusive, o convite que o artista faz a quem o escuta: celebrar a vida e respeitar suas formas de ser e existir.

Rodeado de luzes, glitter e lantejoulas, o mineiro, e agora morador de Newark (EUA), mergulhou nos anos 80 e trouxe um videoclipe inspirado nas produções da cantora Madonna e em sua própria trajetória pessoal e artística. O clima é de liberdade, de mostrar a sua essência e se sentir você, com seus defeitos, medos e no seu lugar.

Fechar a porta do quarto, aumentar o som, dançar sozinho e imaginar mil coisas acontecendo em volta. É assim que LEAAN se mostra no clipe. E quem nunca se divertiu ou extravasou dessa forma vai ter a oportunidade de fazer ao som de “L”. O artista faz o convite.

O clipe foi dirigido pelo próprio Leaan e inspirado em produções das cantoras Madonna e Robyn. A gravação aconteceu em Newark, na antiga sede da produtora audiovisual Music Lab USA, responsável pela produção do videoclipe.

“L” faz parte do álbum homônimo do cantor, que foi lançado em 2018 e conta com outras sete faixas. O álbum está disponível em todas as plataformas digitais e só no Spotify e YouTube já soma mais de 40 mil execuções. A produção traz letras que transitam por temas como as inseguranças, afirmações e reafirmações do artista, seu universo, sonhos e orientação sexual.

Com nove anos de carreira, um álbum e chegando ao seu terceiro clipe, que já está disponível no Youtube, LEAAN conta, em entrevista para o Caderno Pop, sobre sua trajetória musical, sua decisão por embarcar nas letras em português e ainda dá um spoiler do que está por vir.

Você já tem 9 anos de carreira, já teve outro nome artístico, mas o que mudou no Leaan de lá até aqui? Como foi sua evolução artística?
Já tive sim outros nomes. Comecei como Leandro Rodrigues, depois Leandro Augusto, depois Senior Ell para trabalhos autorais e LE.O para os vídeos de cover. E finalmente LEAAN. Acho que o que mais mudou foi a maturidade e a confiança nas minhas palavras. Não quero dizer que sou o artista mais seguro do mundo, mas LEAAN pelo menos carrega a coragem de ser, estar e dizer o que quiser. Coisa que os outros nomes não tinham. Minha expressão artística evoluiu junto com a minha capacidade de conversar abertamente sobre sexualidade. Para mim, as duas coisas caminham de mãos dadas quando o assunto é a evolução de LEAAN como ser humano e artista. Mas lembro que o ponto de partida foi quando eu cursei cinema e audiovisual e fui bastante inspirado e instigado pela comunidade LGBTQ+ ao meu redor a criar e me expressar por meio de videoclipes. Tenho alguns que fiz para um álbum caseiro em inglês, que gravei em 2016, chamado BAD KIDS, quando eu ainda era Senior Ell. Eles foram o pontapé para o meu desenvolvimento como artista. São xodós, que namoro em segredo (risos). E desde então o pop e o pop alternativo é onde eu sempre me encontro.

Por falar na sua evolução como artista, como começou sua relação com a música?
Eu não sei realmente de onde veio o interesse, porque eu não tenho ninguém na família que poderia ter implantado isso em mim. Mas lembro que aos quatro anos eu já me sentia poderosíssimo berrando no chuveiro “My heart will go on” da Céline Dion ou qualquer música da Xuxa. Fui crescendo e cada banho era uma turnê, uma performance. Fui conhecendo pessoas, escutando indicações, gravando covers pra comunidades do Orkut, estudando canto pela internet ou por amigos que faziam aula, escrevendo poemas, músicas. Tudo sozinho mesmo, porque não dei sinal de que queria ser artista mesmo até os meus 17 anos.

E hoje para quem são feitas as músicas do Leaan?
As minhas músicas são feitas a partir de experiências minhas. Eu sou um homem cis gênero gay e tive relações afetivas ou somente sexuais com outros homens gays, bissexuais. Então é natural que, à primeira vista, minha música esteja direcionada ao público LGBTQ+, mas hoje em dia eu vejo pessoas heterossexuais cis gêneros que não se importam em escutar artistas da minha comunidade, que não se sentem ameaçadas ou obrigadas a questionar a sua sexualidade ou gênero por causa disso. Então no final do dia, assim como qualquer música, a minha é para quem estiver de coração aberto.

Mesmo depois de já ter se consolidado como Leaan, muitas pessoas devem confundir o nome, te chamar, por exemplo, de “Lian”. Você lida bem com isso? E como surgiu o LEAAN?
Sim, acontece. Eu acho muito engraçado, porque, gente (risos), não consigo entender de onde vem o “i”. Eu sou brasileiro, cara (risos). Mas sou muito tranquilo e sempre explico que LEAAN vem do meu nome Leandro e que a entonação é no “a”, coloquei dois justamente para mostrar isso (risos). O LEAAN surgiu depois de várias reflexões sobre quem Senior Ell era e a decisão de escrever músicas em português. Foi uma revolução dentro de mim. Percebi que seria lindo sim se eu escrevesse no meu idioma nativo, com arranjos mesclando o eletrônico e o orgânico de uma forma menos mainstream. Percebi que o nome “Senior Ell” carregava uma grande parte da minha vida, cheia de angústias, e entendi que estava na hora de tratar as coisas de outra forma e deixar esse personagem guardado apenas no meu coração.

E o nome “L” da sua música de trabalho e do seu álbum mais recente tem algo a ver com isso?
Eu decidi dar esse nome para essa música e para o disco porque, além de ser a primeira letra do meu nome, é também a primeira letra de palavras que eu me baseei muito pra escrever todo esse material. Palavras como liberdade, lealdade, libido, longevidade, luta e também laboratório. Todo o processo de existência desse disco tem sido um tremendo laboratório para mim. Experimentações, testes de parcerias que resultaram em alegria ou frustrações, estéticas, sonoridades, escrita, canto. São dois anos divulgando o disco na internet e em shows pequenos em Belo Horizonte, Nova York e Newark, então tem bastante história.

Você acabou de lançar o clipe dessa música, uma faixa muito especial para você. Qual a história dessa música? E por que ela é tão especial?
“L” é a introdução do ouvinte ao meu mundo. A minha intenção em apresentar essa faixa antes de todas no álbum é de informar que o ticket para entrar nessa mini viagem de 33 minutos é a abertura de todos os seus sentidos para o que eu tenho a dizer. É uma faixa que te convida a se atentar ao que te rodeia, a absorver o que as pessoas te dizem e a abrir o coração para uma mudança positiva.

Assistindo ao clipe, a gente se identifica muito com aqueles momentos que nos trancamos no quarto, ligamos o som e extravasamos tudo. A ideia foi essa?
Sim. Eu resolvi lançar agora porque nós estamos passando por um momento muito sensível. Muitas questões importantes estão sendo discutidas, muita coisa ruim anda acontecendo. Mas, além de nos informar, processar toda a informação e se posicionar, nós também precisamos de um respiro. Precisamos lembrar que somos seres humanos e que, por pior que seja a situação, não tem nada de errado se agarrar a qualquer fio de luz que avistarmos. Cantar e dançar sozinho em um quarto ao som da sua música favorita pode te trazer 3 minutos de pura felicidade e talvez isso seja aquilo que você precise para ter um pouquinho de esperança para passar por aquilo que te impede de sorrir no momento.

E quando você se tranca no quarto, que tipo de som escuta? Você os traz como inspiração em suas produções?
Eu escuto de tudo. Do pagode delicinha à subjetividade da Bjork, mas o que reina nas minhas playlists geralmente são músicas pop, pop alternativas e reggaeton. Ultimamente o que mais escuto é Aluna (Alunageorge), Robyn, Madonna, Tove Lo, SG Lewis, Dua Lipa, Lorde, Rosalia, Bomba Estereo, Bad Bunny, Dido, Kali Uchis, Jorja Smith, Mc Tha, Jaloo, Mahmundi, Tuyo, qualquer pop rock brasileiro dos anos 80, 90 e alguns artistas independentes, como Albert Magno, Neres, Jefferson Carvalho, Vicrossor, Anjxs, Peixota, Della Vitti, etc. Sou bem eclético. E claro que os trago como inspiração nas minhas produções. Na verdade, tudo o que eu escuto, os filmes e séries que eu assisto, os livros que eu leio e as pessoas que eu conheço, tudo isso serve como inspiração.

Nesse período de pandemia, muitos artistas aproveitaram para produzir. E para você, como foi? Deu para produzir?
Eu tive sim algumas ideias, escrevi algumas coisas, mas não pude por tudo em prática, porque infelizmente ainda não consigo me manter apenas com a música e tive que estar presente na empresa onde trabalho durante praticamente toda a pandemia. A boneca tem que pagar os boletos no final de todo mês, né? (risos)

Mas o álbum “L” conta com outras sete músicas. Já podemos criar alguma expectativa a respeito de novos clipes ou até um próximo álbum? Dá para adiantar um pouco o que já está por vir?
Bom, “L” já tem 3 clipes lançados, “Vai”, “A Cura” e “L”. Eu fiz um compromisso comigo de fazer 5 clipes pra esse disco, então até dezembro vocês podem sim contar com mais dois pra encerrar a era com chave de ouro. E sim, já estou escrevendo o meu próximo álbum. Já estou o pré-produzindo. Ele já tem um nome, um conceito e uma estética sonora, mas a única coisa que posso dizer agora é que estou muito feliz por me sentir mais seguro e confiante para dar vida a um novo material carregado de alegrias e dores e poder compartilhar isso com as pessoas que têm me acompanhado e as que me conhecerão a partir desse trabalho.

Assista “L”:

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