A parceria entre Arnaldo Antunes e Vitor Araújo começou no início de 2020, quando começaram a ensaiar O Real Ao Vivo, que viria a ser o show de lançamento do último álbum de Arnaldo, O Real Resiste. Desejando acentuar ainda mais o caráter minimalista do álbum gravado no ano anterior, Arnaldo convidou Vitor para criarem juntos um show com apenas voz e piano, um formato inédito para ambos.
Em março, quando estavam prestes a estrear, foram surpreendidos pelo início da pandemia e tiveram que cancelar indefinidamente as datas já agendadas. Entraram em compasso de espera até que, em setembro, mês do aniversário de sessenta anos de Arnaldo, decidiram apresentar esse trabalho em algumas lives.
A sequência de ensaios e apresentações foi revelando muitas afinidades entre os dois — a busca pela síntese, o gosto pela experimentação, a performance intensa de palco, a compreensão da natureza emocional das canções. Revelou-se uma sintonia criativa surpreendente entre eles, apesar das diferentes trajetórias individuais. Tudo isso ativou o desejo de realizar uma gravação em estúdio. Lágrimas No Mar foi gravado no estúdio Canto da Coruja, mesmo estúdio em que Arnaldo havia gravado seus dois últimos discos, num sítio no interior de São Paulo.
No repertório entraram quatro músicas inéditas (Enquanto Passa Outro Verão, Lágrimas no Mar, Umbigo e A Não Ser); uma parceria de Arnaldo com Erasmo Carlos (Manhãs de Love); duas releituras de canções de seu repertório mais antigo (Fora de Si, de 1995 e Longe, de 2009) e duas interpretações de canções de outros autores (Fim de Festa, de Itamar Assumpção e Como 2 e 2, de Caetano Veloso).
Há duas participações especiais no disco, de Pedro Baby tocando violão e guitarra em Lágrimas no Mar e de Marcia Xavier cantando com Arnaldo em Como 2 e 2 e em Umbigo. Esses encontros trazem surpresas luminosas à dinâmica do álbum.