(Foto: Divulgação)
A cantora e compositora Lizandra lançou, no último mês, o álbum “Releituras“, que traz clássicos da MPB repaginados em sua voz, que ficou conhecida nas redes sociais como “a voz que acalma”. A mineira, que viralizou nas redes sociais durante a pandemia, conta para o Caderno Pop seu momento de carreira, as delícias e dificuldades de ser uma artista independente no Brasil e como tem sido apresentar o novo trabalho por diversos cantos do país. Confira!
CP: Já falamos sobre você aqui no Caderno Pop há dois anos como uma revelação da nova MPB e você trilhou uma caminhada sólida até este momento. Quais são seus principais apontamentos da sua carreira para chegar nessa grandiosidade?
Sempre são muitos fatores, mas eu acredito que alguns pilares foram fundamentais para essa virada de chave na minha carreira. A primeira delas, sem dúvida nenhuma, foi ter me entendido artista e ter aceitado que não teria como eu fugir. Isso foi no final de 2017 e a partir daí eu passei a dedicar toda minha energia e meu tempo à música. É meio utópico até, mas eu realmente acho que ter isso claro dentro de mim fez toda diferença nesse processo.
Acho que um segundo ponto também muito importante e marcante na minha trajetória foi ter vindo do bar. Eu falo isso com muito orgulho e costumo dizer que sou cria da noite, porque foram mais de 10 anos tocando em bares, restaurantes, eventos, passando todo tipo de perrengue. Foi ali que eu me descobri artista, que eu entendi a minha voz, que eu peguei firmeza pra tocar violão, que eu aprendi a me conectar com as pessoas! Isso me deu segurança para subir em qualquer palco com meu violão e fazer meu trabalho.
E o terceiro, acredito que foi a consistência nos lançamentos e na produção de conteúdo para internet. Tudo na minha vida sempre levou mais tempo, sabe? Eu nunca fui a garota prodígio em nada, então tenho isso claro na minha cabeça: eu não vou vencer pelo talento, vou vencer pelo esforço. Fui melhorando aos pouquinhos e aprendendo a me comunicar na internet, a fazer vídeos melhores e a ser mais assertiva na comunicação. Comecei em 2018 e ano passado consegui acertar o formato dos vídeos e aí muita gente me conheceu. Na parte autoral também sempre fui muito inquieta pra melhorar as composições, estética e acho que isso vem acontecendo. Desde 2019 venho fazendo lançamentos recorrentes e acho que isso faz toda diferença pra ter uma base. Quando esse público dos vídeos chegou no meu perfil eles viram que já tinha ali algo acontecendo e tinham várias músicas pra me conhecer melhor.
2) Você mantém uma criação de conteúdo com covers/versões que alguns artistas são contra/acham difícil consolidar uma carreira autoral. Qual sua opinião sobre esse cenário?
As versões são uma ótima forma de se desenvolver musicalmente, de atrair a atenção das pessoas e aí num segundo momento, convidá-las a conhecer a parte autoral de um trabalho. Acho que vai muito do entendimento e da visão de cada artista se faz sentido ou não pra ele. Na minha cabeça isso sempre ficou muito claro de que não atrapalharia, até porque, primeiro, eu venho do bar e tem tudo a ver com a minha trajetória. Outro ponto que eu acho importante é não fazer simplesmente um cover, eu canto as músicas de outras pessoas do meu jeito, como se fossem minhas e acho que isso conecta mais. Paralelo à essa criação de conteúdo de versões tem um trabalho autoral consistente e também outros tipos de conteúdo trazendo formatos que evidenciam meu lado compositora para que o público entenda e me conheça por completo. Então pra mim, faz muito sentido esse tipo de conteúdo. Agora claro, se eu quisesse construir uma carreira autoral e só fizesse conteúdo de versões certamente não faria sentido e não funcionaria.
(Crédito: Henrick Ovides)
3) Para a escolha das músicas do “Releituras” quais foram os principais critérios? Tem alguma faixa que você percebe que o público gostou mais?
O Releituras nasceu de um desejo meu de eternizar algumas músicas que me apresentaram pra muita gente na internet. Então, o primeiro critério foi separar as músicas que eu já havia feito vídeo cantando um trechinho e que meu público mais tinha gostado. Eu sabia, por exemplo, que coisas que eu sei não poderia ficar de fora de jeito nenhum. O segundo foi pegar algumas músicas que tinham funcionado muito nos shows da minha primeira turnê. E o terceiro, infelizmente não dependeu de mim, como as composições não são minhas existe todo um processo para liberar a gravação. Infelizmente algumas não foram autorizadas e eu precisei cortar do repertório.
4) No seu cotidiano, qual sua rotina? Tem muito mais funções do que o público imagina, né? Atualmente você tem se visto como uma influenciadora digital também?
Eu ainda sou uma artista independente, consegui terceirizar algumas funções com alguns parceiros mas tudo ainda passa por mim. Então toda essa parte de produção, pré-produção, planejamento, desde quando eu vou lançar uma música ou fazer um show eu estou envolvida. Acho que a maior parte do meu dia na verdade eu passo resolvendo essas coisas chatas, mas é o que precisa ser feito para eu poder fazer a parte mais legal que é criar e cantar! E claro, tem também a parte de criação de conteúdo que demanda muito tempo pra gravar e editar. Eu me vejo como artista e acho que naturalmente, como faço esse trabalho de criação de conteúdo, acaba sendo visto como influenciadora. Acho que sou também, né?
5) Como tem sido a recepção do público nos shows? Tem alguma cidade que ainda não está na agenda que você quer muito visitar?
Tem sido muito incrível, essa é a parte que faz valer muito a pena cada minuto de trabalho até aqui. O público tem sido muito caloroso e carinhoso comigo, eu sempre fico emocionada com isso. Nossa tem muitas, eu quero rodar cada canto desse país com a minha música. Mas algumas eu recebo muitos pedidos, como é o caso de Recife que ainda não foi possível, mas estamos trabalhando para que aconteça muito em breve.
Ouça o álbum em todas as plataformas digitais: https://onerpm.link/releituras