Poucas franquias de terror conseguiram alcançar a longevidade e o impacto cultural do universo “Invocação do Mal”. Estrelada por Vera Farmiga e Patrick Wilson, a saga acompanha as investigações sobrenaturais de Ed e Lorraine Warren, dois demonologistas que ganharam notoriedade mundial por sua suposta conexão com eventos paranormais reais.
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Agora, com “Invocação do Mal 4: O Último Ritual”, que estreia nos cinemas em 4 de setembro, a série promete encerrar seu arco principal mergulhando em um dos casos mais controversos enfrentados pelos Warren: a assombração da família Smurl. Considerado um dos episódios mais perturbadores de sua carreira, o caso envolve alegações de ataques demoníacos, manifestações violentas e uma casa que teria se tornado o epicentro de um verdadeiro cerco sobrenatural.
A história começa em agosto de 1973, quando Jack e Janet Smurl se mudaram para uma casa na Chase Street, em West Pittston, Pensilvânia. Segundo o casal, a residência era habitada por uma entidade demoníaca responsável por ruídos intensos, cheiros fétidos e episódios de agressão. Os relatos incluem o cachorro da família sendo arremessado contra a parede, uma das filhas empurrada escada abaixo, além de acusações de agressões físicas e abusos de natureza sexual.
Mais de uma década depois da mudança, em 1986, os Smurl recorreram à ajuda de Ed e Lorraine Warren. Ed classificou o caso como uma das manifestações mais poderosas que já enfrentou. Disse ter presenciado quedas bruscas de temperatura, movimentação de objetos e escutado mensagens diretas da entidade pedindo que abandonasse a casa. Os Warren registraram diversos áudios contendo sons inexplicáveis, que apresentariam provas da atividade demoníaca. Oradores religiosos foram chamados, músicas sacras foram entoadas e orações feitas, tudo sem sucesso aparente.
Como em outros casos envolvendo os Warren, a repercussão atraiu também olhares céticos. O professor Paul Kurtz, presidente do Comitê de Investigação Científica de Alegações Paranormais da Universidade Estadual de Nova York, afirmou à época que os Warren careciam de objetividade e de credenciais científicas. Em artigo publicado em 28 de agosto de 1986 no Times Leader, Kurtz chamou o caso de “charada” e comparou-o ao famoso episódio de Amityville, sugerindo que tanto a narrativa quanto as manifestações teriam sido inventadas.
Kurtz também apontou para possíveis fatores médicos e psicológicos. Jack Smurl havia sido submetido a uma cirurgia cerebral em 1983 após complicações causadas por uma meningite na infância, o que poderia justificar suas perdas de memória e experiências alteradas de realidade. O psicólogo Robert Gordon, de Allentown, defendeu que muitos recorrem a explicações sobrenaturais para dar sentido a tensões familiares profundas, enquanto o especialista Stephen Kaplan classificou a história como uma farsa bem elaborada.
Nem mesmo a Igreja Católica forneceu uma conclusão definitiva. A casa foi abençoada por padres e exorcismos foram conduzidos, mas nenhum sacerdote confirmou ter presenciado fenômenos anormais. Janet Smurl alegou que o demônio teria escapado dos ritos religiosos ao migrar entre residências, acompanhando a família inclusive quando saíam de casa. Um padre teria passado duas noites no local em 1986 sem identificar qualquer evento fora do comum.
Apesar de dizerem que estavam cansados da exposição e da pressão da imprensa, Jack e Janet assinaram, poucos meses depois, um livro de não-ficção com Ed, Lorraine e o escritor Robert Burran. A obra, chamada “The Haunted“, foi lançada com a promessa de documentar a história do casal, mas recebeu críticas duras quanto à sua qualidade literária e à falta de provas empíricas. Ainda assim, rendeu uma adaptação televisiva pela 20th Century Fox.
Mesmo com o passar dos anos, Janet declarou em 1987 que a família continuava a presenciar batidas e sombras. Em 1988, os Smurl se mudaram para Wilkes-Barre. A nova proprietária da antiga casa, Debra Owens, afirmou jamais ter testemunhado qualquer anormalidade durante o tempo em que viveu ali.
Com “Invocação do Mal 4”, o universo criado por James Wan retorna a esse episódio marcado por controvérsias, tensão religiosa, sofrimento familiar e um país dividido entre o ceticismo e o medo do sobrenatural. Se a história da família Smurl foi ou não forjada, permanece o fato de que, décadas depois, ela ainda fascina e agora promete chegar aos cinemas para encerrar a saga de terror mais influente da última década.
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