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Crítica: “A Chamada” (Retribution)

Liam Neeson já se transformou em um gênero por si só. Desde “Busca Implacável”, o ator irlandês carrega nas costas uma sequência interminável de thrillers em que precisa correr contra o tempo, salvar a família ou limpar o próprio nome. “A Chamada”, novo suspense estrelado por ele, segue exatamente essa cartilha, mas com a diferença de manter o protagonista preso em um carro durante quase todo o filme. A proposta poderia soar ousada, quase como uma variação claustrofóbica de “Velocidade Máxima” ou até um eco distante de “Enterrado Vivo”. Mas o resultado aqui está longe de alcançar esse impacto.

Crítica: “A Chamada” (Retribution)

A premissa é simples e até promissora: um homem atende o telefone e descobre que há uma bomba instalada sob o banco do carro. Para sobreviver e proteger os filhos que estão com ele, precisa seguir as ordens de uma voz misteriosa. O jogo psicológico, no entanto, nunca se transforma em algo realmente instigante. O roteiro prefere o caminho mais previsível, apostando em reviravoltas já vistas muitas vezes no gênero.

Neeson continua competente no papel que já se tornou sua marca registrada: o homem comum, mais velho, carregado de culpas, mas obrigado a enfrentar um inimigo invisível. O problema é que o filme não oferece espaço para que esse arquétipo seja reinventado. É como se estivéssemos diante de uma cópia pálida das tensões que ele viveu em “Sem Escalas” ou “Desconhecido”. Até a relação com os filhos, que poderia render um drama paralelo e dar densidade ao protagonista, se perde em diálogos mecânicos e sem emoção.

O diretor Nimród Antal tenta criar ritmo ao manter a câmera dentro do carro, explorando os limites físicos daquele espaço. Essa escolha aproxima “A Chamada” de experiências mais radicais como “Locke”, estrelado por Tom Hardy, que conseguiu sustentar sozinho uma narrativa inteira em um carro apenas com ligações telefônicas. Mas aqui, em vez de construir suspense genuíno, o confinamento parece uma prisão criativa: o filme nunca encontra uma forma de extrair algo novo desse cenário limitado.

No fundo, “A Chamada” funciona como um passatempo, daqueles thrillers que se assiste sem esperar grandes surpresas e que desaparecem da memória logo depois dos créditos finais. O que poderia ser um estudo sobre paranoia urbana, chantagem e culpa se resume a mais uma aventura de Liam Neeson interpretando… Liam Neeson. O ator ainda segura a tela, mas a sensação é de repetição exaustiva, como se estivéssemos assistindo ao mesmo filme pela quinta vez em sequência.

Há quem veja em obras assim um certo conforto, quase como ouvir uma banda que repete a mesma fórmula disco após disco. Mas se no rock isso pode soar nostálgico, no cinema de ação a previsibilidade cobra caro. “A Chamada” não é desastroso, mas também não consegue se destacar em meio ao próprio legado de filmes de Neeson. É mais um capítulo em uma filmografia que já vive do piloto automático.

“A Chamada”
Direção: Nimród Antal
Roteiro: Christopher Salmanpour
Elenco: Liam Neeson, Noma Dumezweni, Lilly Aspell
Disponível em: Prime Video

Avaliação: 2.5 de 5.

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