Construído a partir de uma premissa que flerta com a sátira social, mas se rende a uma narrativa convencional de comédia romântica, “A Garota Mais Linda do Mundo” se apoia em um conceito problemático ao transformar o casamento em um espetáculo televisivo. O longa, que chegou ao catálogo da Netflix em 14 de fevereiro de 2025, acompanha Reuben (Reza Rahadian), um herdeiro que, para garantir sua herança, precisa atender ao último desejo do pai: casar-se com a mulher “mais linda” do país. Para isso, ele cria um reality show de proporções nacionais, onde as competidoras disputam sua atenção enquanto a audiência acompanha tudo em tempo real.
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A narrativa se estrutura a partir do embate entre Reuben e Kiara (Sheila Dara Aisha), produtora do programa e ferrenha crítica da proposta. O choque entre os dois estabelece um dos poucos elementos dinâmicos do roteiro, que, apesar de partir de um ponto de vista crítico, rapidamente abandona qualquer aprofundamento para seguir o caminho previsível do romance. A trajetória de Kiara, que inicia a história como uma personagem cética e questionadora, acaba se diluindo na progressão do enredo, reduzindo-se ao inevitável interesse amoroso do protagonista.
Embora “A Garota Mais Linda do Mundo” se esforce para capturar o charme das produções românticas sul-coreanas, o filme sofre com um desenvolvimento irregular. A relação entre Reuben e Kiara é sustentada pelo carisma dos atores, mas carece de intensidade, tornando a evolução do vínculo entre eles pouco convincente. Além disso, a ausência de um verdadeiro clímax narrativo enfraquece o impacto dramático do filme, deixando a sensação de que a história simplesmente se desenrola sem grandes oscilações ou momentos de tensão genuína.
Visualmente, o filme acerta ao construir um universo esteticamente agradável, com figurinos sofisticados e uma ambientação que reforça a atmosfera de um reality show luxuoso. No entanto, esse cuidado com a estética não se traduz em um roteiro igualmente elaborado. Os diálogos, ainda que fluídos, não oferecem profundidade suficiente para sustentar a proposta inicial do longa, resultando em uma experiência agradável, mas superficial.
“A Garota Mais Linda do Mundo” acaba reproduzindo uma mensagem conservadora ao sugerir que o caminho para a realização feminina passa, inevitavelmente, pelo envolvimento com um homem poderoso. Em vez de subverter ou explorar criticamente essa ideia, o filme a reforça, diluindo qualquer potencial de reflexão que poderia emergir de sua premissa. O resultado é um romance que, apesar de sua embalagem elegante, não consegue se destacar dentro do gênero.
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