Ana Castela lança seu novo álbum, “Let’s Go Rodeo”, apostando numa mistura entre o sertanejo brasileiro e a sonoridade country norte-americana. São nove faixas inéditas, todas em português, mas embaladas por uma estética sonora e visual que tenta evocar os rodeios texanos e a estética do faroeste pop. O resultado é uma colagem confusa, sem coesão ou profundidade.
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A maior aposta do álbum é “Tropa do Chapelão”, parceria com Diplo, um dos nomes mais influentes da música eletrônica global. A colaboração surgiu de um encontro aleatório em Los Angeles, mas infelizmente soa tão aleatória quanto sua origem. O feat destoa completamente do resto do disco, com uma batida eletrônica que parece mal encaixada e sem propósito narrativo. Fica difícil entender o que Diplo ouviu na faixa para aceitar participar. A impressão é de um convite enviado por e-mail, respondido com um “tá bom” desinteressado.
A abertura com “Olha Onde Eu Tô” até promete algo mais interessante. A melodia tem um certo apelo, e a ambientação em Barretos, com direito a montaria em boi no videoclipe, entrega uma identidade visual forte. Porém, a música tropeça em recursos narrativos questionáveis, como as narrações estilo locutor de futebol. A tentativa de épico sertanejo beira o paródico.
A divulgação do disco teve toda uma construção midiática, com teasers nas redes sociais e um anúncio ao vivo no Villa Country. A festa de lançamento no Rancho AgroPlay buscou reforçar a ideia de um grande momento na carreira da artista. Mas nenhuma campanha de marketing sustenta um disco vazio de conteúdo. A estética do álbum, com direito a emojis, botas e slogans cafonas, parece retirada de um painel de referência de “Lover” da Taylor Swift misturado com “Cowboy Carter” da Beyoncé, mas sem a sofisticação de nenhuma das duas.
Musicalmente, o disco é genérico, repetitivo e infantilizado. As letras seguem a fórmula dos últimos hits da cantora, com temas reciclados sobre vaquejada, vida na estrada, peão e rodeio. A diferença aqui é a ausência de qualquer nuance. A sensação é de estar ouvindo a mesma música nove vezes seguidas, com variações mínimas. E quando surgem faixas como “As Cowgirls”, o nível cai vertiginosamente. É TikTok music no pior sentido da expressão: feita para 15 segundos de viralização e esquecida logo depois.
Apesar de tudo, há dois momentos que escapam do naufrágio: “Pra Quem Você Ligou” e a versão de estúdio de “Tô Voltando”. Ambas soam mais sinceras, com melodias minimamente inspiradas. E é inegável que Ana Castela tem uma voz bonita, com timbre marcante e afinação segura. O problema é que isso pouco serve quando o repertório é tão raso.
“Let’s Go Rodeo” é o pior disco brasileiro lançado em 2025 até agora. E talvez um dos mais esquecíveis dos últimos anos. A tentativa de unir country e sertanejo poderia render algo interessante se houvesse um verdadeiro mergulho estético e musical nesse universo. O que se ouve aqui é uma imitação ruidosa, que não honra nem as referências internacionais nem a tradição sertaneja brasileira.
Ainda assim, há um mérito tímido em tentar algo fora do padrão habitual. Mesmo que o álbum seja fraco, a tentativa de mudança mostra que Ana Castela está aberta a novos caminhos sonoros. Espera-se apenas que, nos próximos projetos, ela caminhe com mais coragem, mais conteúdo e menos filtro country.
Nota: 38/100
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