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Crítica: “Anora”

Texto: Ygor Monroe
29 de outubro de 2024
em Cinema/Filmes, Resenhas/Críticas

“Anora”, um dos fortes concorrentes ao Oscar 2025, já vem acumulando prêmios, incluindo a cobiçada Palma de Ouro em Cannes 2024. Fazendo uma radiografia direta e cáustica do tão propagado “Sonho Americano” e ao fazê-lo, nos leva a uma Nova York suja, marginalizada, através da lente audaciosa de Sean Baker. Nesta comédia dramática, Baker não tem medo de expor a vida no submundo do capitalismo sem verniz, e o faz com uma sensibilidade que mistura humor ácido com uma brutalidade quase incômoda.

O filme faz parte da programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Para mais informações, basta clicar aqui.

Ani, interpretada por Mikey Madison, é uma stripper uzbeque-americana que se equilibra entre clientes, dívidas e um cotidiano apertado num pequeno apartamento em Brighton Beach, o enclave russo de Nova York. É aqui que Baker nos apresenta a luta de Ani pela sobrevivência e, eventualmente, por algo próximo de um “felizes para sempre”. Em uma de suas noites no clube, ela conhece Ivan, o filho de um oligarca russo (Mark Eydelshteyn). O que começa como uma transação econômica logo se transforma em uma semana de festas alucinantes e uma proposta de casamento improvável que parece prometer a tão sonhada segurança financeira. É a ilusão de um conto de fadas urbano, mas em “Anora”, as ilusões são tão frágeis quanto os sonhos.

Baker transforma essa relação num espelho cortante das classes sociais e da hipocrisia em torno do trabalho sexual. O diretor não romantiza a experiência de Ani, mas coloca sua vida sob uma lente que revela, sem piedade, o desprezo que muitas vezes acompanha o desejo. Ao embarcar nessa narrativa que lembra a tensão de “Joias Brutas”, somos levados a questionar o quanto o trabalho das mulheres marginalizadas é validado somente enquanto atende às necessidades e desejos da elite. Em “Anora”, quando os pais de Ivan aparecem para dissolver o casamento, eles não encaram Ani como pessoa, mas como um obstáculo – uma mancha a ser removida.

A entrega de Mikey Madison é pura visceralidade. Com uma energia quase bruta, ela domina a tela e nos prende com um olhar que diz tudo o que sua personagem raramente verbaliza: a mistura de cansaço, esperança e resignação de alguém que já viu todas as promessas se desfazerem. Em cada cena, Madison carrega o peso da trajetória de Ani com intensidade genuína, e é difícil não ser tocado. A cena final é um soco emocional inesperado, trazendo uma vulnerabilidade que persiste mesmo depois que as luzes do cinema se acendem.

A fotografia crua e desbotada, marca registrada de Baker, faz com que o espectador quase sinta o cheiro de cigarro e o calor claustrofóbico do clube. Isso, combinado com uma edição ágil e uma trilha sonora imersiva, cria uma experiência que parece menos um filme e mais uma imersão na vida dos esquecidos pelo sonho americano.

“Anora” vai além de uma história sobre o romance improvável entre uma stripper e o herdeiro de um oligarca. Ao nos mergulhar nos dilemas de Ani, o filme questiona a fundo o que significa buscar a tão prometida segurança e aceitação em um lugar que continuamente reforça as barreiras entre os que têm tudo e os que vivem de migalhas. Em uma Nova York onde as linhas entre a opulência e a pobreza são desenhadas a ferro, Baker nos obriga a olhar para além das fachadas, e talvez a nos perguntar o quanto também somos parte disso. A jornada de Ani é a de milhares que tentam subverter as expectativas de uma sociedade que os julga úteis enquanto permanecem invisíveis, mas que não hesita em descartá-los quando cruzam os limites da conveniência.

O mais devastador em “Anora” é a forma como ele transforma o sonho americano em um jogo de espelhos: enquanto Ani tenta equilibrar sua identidade, suas escolhas e seu desejo de pertencer, o filme revela que há um custo inevitável, uma troca nunca igual entre o que se aspira e o que se perde. Baker não nos entrega uma redenção simplista, mas uma visão crua e honesta do que é viver à margem de uma utopia que, de tão ilusória, é quase inalcançável. “Anora” nos deixa com essa ferida exposta, uma visão sutil e ao mesmo tempo arrasadora sobre o que é lutar por um lugar em um mundo que não permite pertencer por completo.

⭐⭐⭐⭐⭐

Avaliação: 5 de 5.

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