Três anos após seu último trabalho completo, Banks retorna com “Off With Her Head”, um álbum que busca reconectar a artista à sonoridade que definiu sua identidade na última década. Composto por 12 faixas e marcado por colaborações estratégicas, o disco propõe uma fusão entre eletropop experimental e narrativas confessionais, reafirmando o viés emocional da cantora. No entanto, essa tentativa de resgate da essência que consolidou sua carreira resulta em um projeto que oscila entre momentos de brilho e uma insistência em fórmulas que já não possuem o mesmo impacto.
Tudo que já sabemos sobre o novo álbum da Madonna

A abertura com “Guillotine” estabelece o tom do álbum com sintetizadores arpejados em crescendo e texturas eletrônicas abrasivas, criando uma atmosfera de tensão. A composição instrumental aposta na sobreposição de camadas sintéticas e percussão industrial, intensificando a carga dramática da faixa. Em sequência, “I Hate Your Ex-Girlfriend”, parceria com Doechii, introduz uma abordagem mais agressiva ao house desconstruído, destacando-se pela energia pulsante da batida e pela entrega dinâmica da rapper. A estrutura fragmentada e a sobreposição de vocais tratam a música quase como um remix contínuo, mas a execução soa menos inovadora do que sua proposta inicial sugere.
No núcleo do álbum, a artista desacelera o ritmo e se aproxima de composições mais intimistas. “Move”, com participação de Yseult, incorpora harmonias etéreas e um lirismo melancólico que remete à estética emocional de “The Altar”. O dueto, permeado por sintetizadores aéreos e uma progressão minimalista, busca capturar uma intensidade emocional que, em outros momentos da discografia de Banks, seria mais impactante. Já “Best Friends” adota uma instrumentação mais orgânica, ancorada em cordas sutis e elementos de R&B mas carece da sofisticação melódica presente nos momentos mais marcantes da artista.
À medida que o disco se aproxima de seu desfecho, a narrativa sonora tenta recuperar o fôlego. “Make It Up” (feat. Sampha) se sobressai por sua construção rítmica detalhada e pelo uso de samples vocais que adicionam profundidade ao arranjo eletrônico. É um dos poucos momentos em que Banks se permite explorar novas possibilidades dentro de sua estética, entregando um registro que se alinha à sua melhor fase. A faixa-título, “Off With Her Head”, encerra o álbum com uma performance emocionalmente carregada, mas que, apesar da ambição, não atinge a intensidade visceral de seus trabalhos mais emblemáticos.
O que “Off With Her Head” apresenta de mais interessante são seus fragmentos de inovação e suas tentativas de recuperar elementos que tornaram “Goddess” e “The Altar” marcos na discografia de Banks. No entanto, essas referências frequentemente soam como tentativas de replicar a atmosfera de seus anos mais criativos sem a mesma profundidade emocional e coesão estética. A produção é competente e repleta de detalhes bem trabalhados, mas a sensação de repetição impede que o álbum alcance um impacto mais significativo.
Embora o disco tenha seus momentos de acerto, ele reforça a dificuldade da artista em se reinventar de maneira convincente. Banks se mantém fiel a uma estética que a consagrou, mas que, sem o mesmo frescor e envolvimento emocional, parece presa a um ciclo de autorreferência. “Off With Her Head” é um retorno seguro, mas não o renascimento que poderia consolidar uma nova fase em sua carreira.
Nota final: 68/100
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.