“Bastion 36” é um thriller policial francês dirigido por Olivier Marchal, um nome já consolidado no gênero. Lançado na Netflix em 28 de fevereiro, o longa segue a tradição do diretor de explorar o submundo do crime e a corrupção policial, trazendo uma história de vingança, traição e investigações que se tornam cada vez mais pessoais.
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A trama acompanha Antoine Cerda (Victor Belmondo), um policial problemático que, além de seu trabalho na Brigada Anticrime, se envolve em lutas clandestinas para extravasar sua frustração. Suspenso de suas funções, ele se vê incapaz de investigar oficialmente os assassinatos de seus colegas, mas, como esperado em qualquer bom filme policial, isso não o impede de seguir suas próprias pistas. O que ele descobre? Uma rede de alianças duvidosas dentro da própria polícia e um rastro de sangue que aponta para algo muito maior do que um simples ajuste de contas.
Marchal mantém sua assinatura visual: ruas escuras, iluminação fria e uma Paris longe dos cartões-postais. Seu olhar sobre o universo policial continua carregado de ceticismo, e o filme aposta em um tom mais seco e direto, sem espaço para glamourizar a violência. O roteiro, escrito por ele e Michel Tourscher, busca um equilíbrio entre o suspense e o realismo, evitando exageros cinematográficos comuns em filmes de ação hollywoodianos.
O grande mérito de “Bastion 36” está na construção da sua ambientação e na forma como Marchal trabalha a tensão entre os personagens. A crítica ao racismo dentro da força policial aparece de maneira sutil, sem discursos inflamados, mas nas entrelinhas da hierarquia institucional. A corrupção e os jogos de poder também são temas centrais, e a narrativa se desenrola em um ciclo vicioso onde os superiores burocráticos sempre impedem que a justiça seja feita – algo que o filme faz questão de reforçar mais de uma vez, talvez até demais.
Victor Belmondo entrega um protagonista convincente, embora a repetição de algumas situações torne seu arco um tanto previsível. Antoine é o típico policial que desafia ordens e age por conta própria, o que inevitavelmente o coloca no radar dos superiores. O problema é que essa dinâmica se repete tantas vezes que perde o impacto. Quantas suspensões são necessárias até que ele simplesmente pare de ser um policial? A insistência nesse ciclo burocrático diminui o ritmo do filme e tira um pouco da urgência da narrativa.
Outro ponto que prejudica a experiência é o clímax. Se por um lado Marchal constrói um cenário de tensão crescente, por outro, a grande cena final decepciona. O filme tenta amarrar seus acontecimentos de forma simbólica, refletindo a natureza cíclica da violência e da corrupção policial, mas a execução deixa a desejar. O encerramento sugere um impacto emocional que nunca chega totalmente, fazendo com que o desfecho pareça menos incisivo do que deveria.
Ainda assim, “Bastion 36” entrega um thriller policial sólido, que se mantém fiel às raízes do gênero e oferece um olhar sombrio sobre a relação entre justiça e vingança. Pode não ser o melhor trabalho de Olivier Marchal, mas é um filme que reforça sua visão sobre o universo policial e certamente atrairá fãs do estilo.
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