Sem resultados
Ver todos os resultados
Caderno Pop
  • Página Inicial
    • Sobre o Caderno Pop
    • Fale com a gente
  • Música
    • Música
    • Clipes e Audiovisuais
    • Festivais
    • Shows
  • Cinema/Filmes
  • Séries
  • Entrevistas
  • Streaming
  • Livros
  • Novelas
  • Página Inicial
    • Sobre o Caderno Pop
    • Fale com a gente
  • Música
    • Música
    • Clipes e Audiovisuais
    • Festivais
    • Shows
  • Cinema/Filmes
  • Séries
  • Entrevistas
  • Streaming
  • Livros
  • Novelas
Sem resultados
Ver todos os resultados
Caderno Pop
Sem resultados
Ver todos os resultados

Crítica: Billie Eilish, “Happier Than Ever”

Texto: Ygor Monroe
6 de junho de 2025
em Música, Resenhas/Críticas
0

O segundo disco de Billie Eilish não tenta superar o primeiro. Ele se posiciona como uma consequência inevitável dele. Onde havia choque estético, agora existe introspecção estudada. Onde tudo era ruído, surge o espaço. Não se trata de uma virada sonora radical, mas de um ajuste de lente: Eilish e Finneas abandonam a claustrofobia adolescente do primeiro álbum e escolhem a maturidade como ponto de partida narrativo. É um movimento consciente, deliberado e que, apesar de parecer brando, é tecnicamente mais exigente e narrativamente mais revelador.

Confira a agenda de shows de junho em São Paulo

Crítica: Billie Eilish, "Happier Than Ever"
Crítica: Billie Eilish, “Happier Than Ever”

O que impressiona, acima de tudo, é a coesão estética. O disco é inteiramente construído sobre atmosferas dilatadas, vocais sussurrados e arranjos que se recusam a preencher espaços com convenções. O silêncio é parte da produção. A mixagem entende que o vazio também comunica. Tudo é feito de forma a afastar a artista da imagem pop que lhe foi atribuída à força, tornando este trabalho menos um produto e mais um posicionamento. Há uma arquitetura emocional ali, feita para ser lida com tempo. A pressa dissolve sua potência.

A produção é intencionalmente esparsa, mas nunca rasa. O disco recusa refrões óbvios, rejeita crescendos fáceis, sabota qualquer fórmula de repetição que busque grudar no ouvido. Finneas entende que o minimalismo não é apenas uma escolha estética: é uma forma de provocar desconforto. Os timbres que ele escolhe sugerem intimidade e tensão. Há uma coreografia entre vocais e sintetizadores que parece mais preocupada em reter do que em oferecer. Eilish, por sua vez, canta como quem esconde. E é nesse esconderijo que o disco revela o que tem de mais interessante.

O que se ouve é o resultado de um processo de desaceleração. O primeiro disco era urgente, feito por alguém que precisava se afirmar num espaço lotado. Este novo trabalho é a antítese disso. É feito por alguém que já está no centro e começa a entender o peso de ser observada. A grande virada está aí. Não há mais o desejo de ser aceita ou amada. Existe apenas a necessidade de compreender o que fazer com o próprio nome.

O disco se estrutura como um comentário contínuo sobre imagem, sobre consumo de identidade, sobre o corpo como alvo. E é curioso notar que a crítica não vem com raiva. Ela vem com melancolia. O discurso é entregue sem histrionismo, sem overacting, como quem fala pela última vez sobre um assunto que já cansou de revisitar. Há cansaço, mas não desprezo. Há frustração, mas não revolta. Esse equilíbrio é difícil de executar. A maioria dos artistas, quando decide se voltar contra o sistema que os projetou, cai na tentação de performar um rompimento. Aqui, Eilish faz o oposto: ela não rompe com nada, apenas coloca uma distância. E isso exige mais coragem.

Trata-se de um disco que parece todo voltado para dentro. As ideias não são novas, mas o modo como são tratadas escapa da obviedade. Em vez de narrar traumas ou dores com grande aparato emocional, o álbum prefere deixar a ferida sem legenda. Tudo é mais diluído, menos direto, mais fragmentado. O que para alguns pode soar como tédio, na verdade é economia de gesto. E essa escolha diz muito sobre a confiança de quem a faz. É preciso acreditar muito na potência do que se tem para dizer para apostar na contenção como ferramenta central de narrativa.

Ainda assim, há uma dualidade não resolvida no disco. Embora o projeto tente criar distância da lógica pop, ele ainda existe dentro dela. O álbum é uma negação da máquina feita do lado de dentro. Isso torna o discurso mais complexo, mas também mais ambíguo. Ao tentar se libertar da lógica de consumo, ele acaba reforçando sua presença no mercado, porque sua crítica é feita em alto volume, com estratégia de marketing, turnê internacional e material visual de altíssima produção. Essa contradição não anula sua força, mas a torna mais difícil de digerir. A obra fala contra o sistema, mas o alimenta. E isso é menos uma falha do projeto e mais um reflexo do lugar impossível que o artista pop contemporâneo ocupa.

O mérito está justamente na tentativa de atravessar essa impossibilidade. O disco jamais se acomoda em uma zona de conforto. Nem mesmo quando repete certos climas, ou quando opta por estruturas menos inventivas, ele soa automático. Tudo parece pensado. E mesmo quando algo soa derivativo, percebe-se que há uma razão por trás daquela escolha. O álbum não quer agradar. Quer ser escutado com atenção. Essa exigência talvez o afaste de públicos que buscam hits ou experiências de catarse, mas o aproxima da tradição dos álbuns que constroem reputação com o tempo, não com números.

É um trabalho que pede tempo. Pede silêncio. Pede escuta. Billie Eilish, aqui, está menos interessada em ser compreendida e mais preocupada em compreender o lugar que passou a ocupar. O disco inteiro parece uma longa tentativa de reorganizar identidades, expectativas e desejos sob um novo ponto de vista. Se o primeiro álbum era uma ruptura estética e geracional, este é um gesto de autocura. Não há grito, não há pose. Há apenas uma artista tentando descobrir onde termina sua voz e onde começa o ruído ao redor.

Esse não é um disco para convencer ninguém. É um disco que se posiciona como documento de um processo. E, nesse sentido, sua importância talvez nem esteja no agora. Ele deve ser lido como registro, como gesto de pausa dentro da velocidade imposta por uma indústria que exige relevância constante. É um álbum que entende que permanecer em silêncio pode ser tão poderoso quanto dominar o palco. E isso, por si só, já o torna um dos trabalhos mais honestos de sua geração.

Nota: 80/100

Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.

Compartilhe isso:

  • Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela) Facebook
  • Clique para compartilhar no X(abre em nova janela) 18+

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Relacionado

Temas: CríticamúsicaResenhareview
Anterior

Crítica: Billie Eilish, “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?”

Próximo

Crítica: Lana Del Rey, “Lust for Life”

Conteúdo Relacionado

Como os fãs ajudam a criar hits e transformar músicas em virais
Música

Lista: 20 músicas para ouvir na Deezer no Dia dos Namorados

Texto: Ygor Monroe
12 de junho de 2025
“Man’s Best Friend”: Sabrina Carpenter lança novo álbum em agosto
Música

“Man’s Best Friend”: Sabrina Carpenter lança novo álbum em agosto

Texto: Ygor Monroe
12 de junho de 2025
Dia dos Namorados: Nilson Neto lança “Te Esquecendo (Lembrei De Você)”, single inspirado em Luan Santana
Música

Dia dos Namorados: Nilson Neto lança “Te Esquecendo (Lembrei De Você)”, single inspirado em Luan Santana

Texto: Ygor Monroe
12 de junho de 2025
No Mês do Orgulho, Alexys Agosto revela os sentimentos por trás do álbum “A Fabulosa Viagem de Futurística“
Música

No Mês do Orgulho, Alexys Agosto revela os sentimentos por trás do álbum “A Fabulosa Viagem de Futurística“

Texto: Ju
12 de junho de 2025
Lista: 10 melhores álbuns internacionais lançados no primeiro semestre de 2025
Destaques

Lista: 10 melhores álbuns internacionais lançados no primeiro semestre de 2025

Texto: Ygor Monroe
12 de junho de 2025
Nova música de Jade Baraldo mistura português e lo-fi em colaboração com Colours in the Dark
Música

Nova música de Jade Baraldo mistura português e lo-fi em colaboração com Colours in the Dark

Texto: Eduardo Fonseca
11 de junho de 2025
Fãs do BTS se unem para doação de sangue, medula óssea e leite materno
Ação Social

Fãs do BTS se unem para doação de sangue, medula óssea e leite materno

Texto: Ygor Monroe
11 de junho de 2025
Próximo
Crítica: Lana Del Rey, “Lust for Life”

Crítica: Lana Del Rey, "Lust for Life"

Crítica: Turnstile, “Never Enough”

Crítica: Turnstile, "Never Enough"

    Please install/update and activate JNews Instagram plugin.

© 2022 Caderno Pop - Layout by @gabenaste.

Sem resultados
Ver todos os resultados
  • Página Inicial
    • Sobre o Caderno Pop
    • Fale com a gente
  • Música
    • Música
    • Clipes e Audiovisuais
    • Festivais
    • Shows
  • Cinema/Filmes
  • Séries
  • Entrevistas
  • Streaming
  • Livros
  • Novelas

© 2022 Caderno Pop - Layout by @gabenaste.

plugins premium WordPress
%d