Crítica: “Bob Marley: One Love”, altos e baixos de uma cinebiografia

O filme biográfico dirigido por Reinaldo Marcus Green, “Bob Marley: One Love“, promete uma imersão nos feitos notáveis do ícone do reggae, Bob Marley. Embora a intenção seja admirável, algumas escolhas e execuções comprometem a experiência cinematográfica.

O protagonista, Kingsley Ben-Adir, encara corajosamente o desafio de dar vida a Bob Marley. Infelizmente, sua interpretação é percebida como inexperiente, deixando o personagem apático e desprovido do carisma necessário para retratar um dos maiores músicos da história. A falta de profundidade na caracterização do personagem central é um dos pontos fracos da narrativa.

As cenas ao vivo são decepcionantes, falhando em transmitir autenticidade. O protagonista parece desconectado, chegando ao ponto de não encostar a boca no microfone. Adicionalmente, erros de posicionamento de câmera, cortando partes essenciais da cena, prejudicam a imersão do espectador, enquanto as cenas mais icônicas são relegadas a trechos de documentários nos créditos finais.

A trama do filme se arrasta em um ritmo lento e, por vezes, cansativo. A demora em explicar certos aspectos da vida de Bob Marley pode alienar espectadores menos familiarizados com sua história. Quando as explicações surgem, elas muitas vezes são jogadas de forma desconexa, prejudicando a coesão da narrativa. A montagem, com informações dispostas de maneira desordenada, contribui para uma sensação de caos ao longo do filme.

Kingsley Ben-Adir interpreta Bob Marley no filme “Bob Marley: One Love” | Foto: Divulgação

A falta de exploração visual é particularmente decepcionante em um contexto onde a Jamaica serve como pano de fundo. O país, com sua beleza exuberante, e a obra de Bob Marley, tão rica em cores e simbolismos, não são devidamente destacados. A escolha de um filtro mais focado em tons de “sépia” em todo o filme priva os espectadores da autenticidade e vitalidade que a história e o cenário merecem.

No entanto, nem tudo são críticas negativas. É crucial reconhecer e elogiar a atuação excepcional de Lashana Lynch, que interpreta Rita Marley. Sua entrega ao papel da antagonista é notável e destaca-se como um dos pontos altos do filme. Além disso, o elenco de apoio, com performances notáveis, contribui para a riqueza emocional da narrativa.

A meticulosa escolha da trilha sonora é acertada, oferecendo momentos triunfantes que capturam com sucesso a essência musical de Bob Marley. A habilidade do filme em representar saltos temporais em diferentes ambientes é outro aspecto positivo, proporcionando uma compreensão mais profunda da jornada do músico e de seu impacto em diferentes fases da vida.

O filme termina de forma abrupta, deixando uma sensação de falta de conclusão e impedindo que a história de Bob Marley alcance o encerramento que merece.

Bob Marley: One Love estreia nos cinemas brasileiros no dia 15 de fevereiro de 2024.

Bob Marley: One Love – Reinaldo Marcus Green: ☆☆

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