Algumas produções nascem para ser aquele passatempo perfeito de sábado à noite, regado a pipoca, refrigerante e gargalhadas que ecoam pela sala. “Chefes de Estado”, novo filme do Amazon Prime Video, entra exatamente nessa categoria. Não tem a pretensão de reinventar nada, e talvez seja aí que mora seu charme. O longa dirigido por Ilya Naishuller aposta sem medo em todas as fórmulas mais manjadas dos filmes de ação e buddy comedies, mas executa com tanta vontade que fica difícil resistir.
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A trama coloca Idris Elba e John Cena em rota de colisão logo de cara. Elba vive Sam Clarke, o primeiro-ministro britânico, enquanto Cena interpreta Will Derringer, o presidente dos Estados Unidos. É claro que os dois não se suportam e fazem questão de alimentar a rivalidade na frente das câmeras, colocando em risco a já sensível diplomacia entre seus países. Mas basta surgir uma ameaça internacional de verdade, dessas que gosta de explodir coisas em escala global, para os dois serem obrigados a engolir o orgulho e unir forças. Funciona porque o filme sabe que o público não está ali para nuances políticas, mas para ver dois marmanjos trocando farpas e socos em meio a explosões espetaculares.
O roteiro de Josh Appelbaum e André Nemec sabe exatamente o terreno que pisa. É previsível até o último fio de cabelo, mas garante ao menos uma cena de ação bem coreografada por ato, entregando aquele espetáculo que faz a gente arregalar os olhos e soltar um “caramba!”. Tem perseguição de carro, tiroteio em corredor apertado, briga dentro de restaurante, e tudo embalado por uma fotografia vibrante e uma edição que não economiza em cortes rápidos para inflar a adrenalina.
Só que “Chefes de Estado” não vive só de pancadaria. A graça maior está na química absurda entre Elba e Cena, que se divertem visivelmente interpretando duas crianças crescidas competindo para ver quem tem o brinquedo mais caro. Cena já provou nos últimos anos ser um comediante físico de mão cheia, e Elba, embora costume carregar papéis mais sisudos, aqui se permite brincar, soltando olhares e tiradas com um timing perfeito. Quando Priyanka Chopra Jonas entra em cena como a agente Noel Bisset, o trio encontra um equilíbrio quase musical, com Chopra Jonas roubando diversos momentos graças à presença magnética e à segurança com que executa as cenas de ação.
Aliás, se tem alguém que merece menção especial é Jack Quaid. Ele aparece menos do que merecia, mas em cada segundo em tela deixa claro que entendeu o espírito do projeto: ser completamente insano. Quaid entrega um humor esquisito, nervoso, que injeta vida até nos diálogos mais clichês. É o tipo de personagem coadjuvante que faz a gente torcer para um spin-off só dele.
Ainda que o vilão vivido por Paddy Considine soe caricato e que o roteiro faça questão de escancarar suas reviravoltas (inclusive debochando disso em algumas piadas auto-referenciais), nada disso estraga a festa. Na verdade, faz parte do pacote. “Chefes de Estado” é assumidamente exagerado, caricato e artificial. Está interessado em divertir, e faz isso com gosto. Os momentos em que se leva menos a sério são os melhores, porque abraçam de vez o espírito cartunesco que filmes assim precisam ter para funcionar.
No fim, o longa confirma aquela sensação deliciosa de que nem todo filme precisa mudar sua vida. Alguns só precisam arrancar boas gargalhadas, oferecer um par de protagonistas carismáticos e cenas de ação suficientemente criativas para valer a pipoca. “Chefes de Estado” faz isso com competência, e no mar de blockbusters genéricos, sair com um sorriso bobo já é um baita ganho.
Chefes de Estado (2025)
Direção de Ilya Naishuller, roteiro de Josh Appelbaum e André Nemec
Elenco: Idris Elba, John Cena, Priyanka Chopra Jonas
Disponível em: Amazon Prime Video
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