Lançado em 2024, “Cidade de Asfalto” é um filme de drama e suspense dirigido por Jean-Stéphane Sauvaire que ganhou nova notoriedade ao entrar no catálogo do Prime Video. A produção foi destaque no Festival de Cannes de 2023 e traz uma narrativa que explora o impacto emocional da vida de paramédicos em Nova Iorque. Protagonizado por Sean Penn e Tye Sheridan, o filme mergulha na relação entre Gene Rutkovsky, um veterano desiludido, e Ollie Cross, um jovem idealista que enfrenta a realidade brutal de seu primeiro ano como paramédico.
Embora “Cidade de Asfalto” use clichês como o veterano endurecido e o novato cheio de esperança, esses arquétipos se justificam pelo retrato realista da profissão. A rotina dos paramédicos, marcada por emergências exaustivas e situações-limite, é retratada de forma visceral. Trabalhar diária e diretamente com o sofrimento humano tem um impacto devastador, e o filme aborda como a falta de limites entre trabalho e vida pessoal pode levar à perda de empatia e até mesmo da própria humanidade.
Apesar das críticas negativas sobre a falta de alegria ou esperança, “Cidade de Asfalto” não tenta ser um drama tradicional com soluções fáceis. Sua estrutura é mais livre, funcionando como uma série de vinhetas que capturam o cotidiano de um sistema de emergências médicas sobrecarregado. Essa escolha narrativa reflete a dura realidade do trabalho no EMS (Emergency Medical Services): não há glamour, apenas uma sucessão de crises que desafiam a resistência física e emocional dos profissionais.
A direção de Sauvaire se destaca pela atmosfera autêntica e pela representação realista dos procedimentos médicos. Um ponto controverso do filme é o retrato dos moradores de Nova Iorque, especialmente os em situação de rua. Para maior realismo, o diretor optou por escalar pessoas reais nessas condições, o que gerou acusações de exploração. Ainda assim, o filme não pretende abordar as causas sociais por trás das dificuldades dessas pessoas, mas sim mostrar como elas impactam o trabalho e a saúde mental dos paramédicos.
As atuações são consistentes, com destaque para Sean Penn, que traz carisma e peso ao papel de Gene, e Tye Sheridan, que entrega uma performance convincente como o jovem Ollie. Ambos os personagens têm arcos bem definidos, embora a narrativa em si não traga grandes reviravoltas. O ritmo do filme, no entanto, pode afastar parte do público, especialmente pela falta de um enredo linear mais forte.
“Cidade de Asfalto” não é um filme para todos. Seu tom brutalmente honesto não oferece redenção ou esperança, mas apresenta uma visão necessária sobre os efeitos do esgotamento no sistema de emergências. Embora pudesse equilibrar a narrativa com momentos que destacassem o lado positivo da profissão, o filme opta por mergulhar na escuridão da experiência humana e, nesse aspecto, cumpre sua proposta de forma impactante.
Para quem busca algo diferente da representação idealizada e romântica da área médica, “Cidade de Asfalto” é uma obra que merece ser vista, mesmo que deixe um gosto amargo. É um lembrete poderoso de que há beleza e dor no trabalho de salvar vidas, mas que ambas têm seu preço.
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