“Com Você no Futuro” é uma comédia romântica que une humor, nostalgia e viagem no tempo para contar a história de Carlos e Elena, um casal prestes a assinar o divórcio que recebe uma segunda chance quando um excêntrico visitante lhes oferece a possibilidade de voltar a 1994 e reviver o momento em que se apaixonaram. O filme, dirigido por Roberto Girault, é um dos destaques do catálogo de venda e aluguel do Prime Video em 2025, posicionando-se como uma das apostas do cinema mexicano contemporâneo para conquistar um público mais amplo.
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Roberto Girault já demonstrou sua versatilidade ao transitar entre diferentes gêneros cinematográficos, desde filmes de aventura até dramas familiares. Em “Com Você no Futuro”, ele se aventura no campo da comédia romântica com elementos de ficção científica, explorando a dinâmica entre passado e presente. Apesar de sua narrativa estar repleta de clichês, o filme sabe como utilizá-los de forma eficaz, apostando na empatia dos personagens e em situações que equilibram humor e emoção.
O roteiro estabelece um bom ritmo e consegue manter o público envolvido na jornada de Carlos e Elena. A ideia de viajar no tempo para impedir um relacionamento de acontecer é um toque interessante, pois subverte a expectativa tradicional de comédias românticas, onde o casal geralmente tenta garantir que o amor prevaleça. Entretanto, essa premissa poderia ser explorada com mais profundidade, principalmente no impacto que alterações no passado poderiam ter sobre o presente. Algumas escolhas narrativas, especialmente a maneira como o presente muda, são um tanto convenientes e poderiam ter sido trabalhadas com mais coerência interna.
A força de “Com Você no Futuro” reside em seu elenco. A versão jovem do casal protagonista tem uma química vibrante e convincente, que torna suas interações naturais e envolventes. A energia e espontaneidade da juventude são captadas de maneira autêntica, o que contrasta de forma eficaz com a relação desgastada e contida da versão adulta dos personagens.
Já a versão atual de Carlos e Elena, embora interpretada com solidez, perde um pouco da intensidade e da conexão emocional que se esperaria de um casal passando por uma crise conjugal tão significativa. Algumas cenas mais introspectivas poderiam ter sido aprofundadas para transmitir com mais força o peso emocional dessa fase da relação.
Por trás da narrativa leve e do tom divertido, “Com Você no Futuro” traz reflexões pertinentes sobre relações, identidade e equilíbrio dentro de um casamento. O filme toca em uma questão essencial e muitas vezes negligenciada: como algumas mulheres, ao assumirem papéis tradicionais dentro da família, podem acabar perdendo parte de suas identidades.
A jornada de Elena é um ponto forte do filme, pois explora como sua individualidade foi sendo apagada ao longo dos anos, contrastando com a liberdade de Carlos para continuar crescendo e se reinventando. A forma como o filme aborda essa desigualdade é sutil, mas eficiente, tornando-se um dos aspectos mais identificáveis para muitas mulheres que se sentem presas a expectativas sociais.
O dilema principal é a tentativa do casal de impedir que se apaixonem no passado, o que cria situações cômicas e emocionantes. No entanto, o filme falha em explorar de maneira mais profunda o impacto real que essas mudanças poderiam causar em suas vidas. O desfecho, embora satisfatório para o gênero, poderia ter sido mais ousado ao lidar com as consequências das viagens no tempo e o peso da dor como elemento fundamental da formação pessoal.
A trilha sonora é um dos pontos altos do filme, capturando o espírito dos anos 90 e ajudando a reforçar a nostalgia que permeia a história. Para fãs de Maná e de músicas latinas da época, a seleção musical é um prato cheio. No entanto, a trilha poderia ter sido utilizada de maneira mais significativa em momentos-chave da narrativa para amplificar a carga emocional de certas cenas.
“Com Você no Futuro” é um filme que entrega exatamente o que promete: uma comédia romântica divertida, com toques de ficção científica e momentos de emoção genuína. Roberto Girault demonstra mais uma vez sua intenção de explorar gêneros diferentes dentro do cinema mexicano, e sua abordagem, mesmo dentro de uma fórmula conhecida, tem autenticidade.
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