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Crítica: Deftones, “Private Music”

Poucas bandas conseguem transformar cada lançamento em um acontecimento, e o Deftones prova mais uma vez porque ocupa esse patamar. “Private Music” não é apenas o décimo álbum de estúdio da banda, é um marco dentro de sua trajetória. Lançado cinco anos depois de “Ohms”, o disco carrega o peso de ser o maior intervalo criativo da carreira do grupo, e esse hiato se traduz em uma obra que soa como síntese e reinvenção ao mesmo tempo.

Crítica: Deftones, “Private Music”

A produção de Nick Raskulinecz, que já havia marcado “Diamond Eyes” e “Koi No Yokan”, volta a dar ao Deftones o equilíbrio entre brutalidade e contemplação. O produtor potencializa cada detalhe, valorizando tanto a densidade das guitarras de Stephen Carpenter quanto a delicadeza das atmosferas criadas por Frank Delgado. O resultado é um álbum que, quando ouvido com atenção, revela camadas e nuances capazes de colocar o ouvinte dentro do universo sonoro da banda. É um disco que exige fones de ouvido e entrega uma experiência quase cinematográfica.

A fórmula que consagrou o Deftones está inteira aqui, mas rejuvenescida. Os vocais de Chino Moreno transitam entre sussurros, gritos e melodias etéreas, sempre em tensão com os riffs pesados e hipnóticos de Carpenter. Abe Cunningham e Fred Sablan sustentam uma base rítmica precisa, permitindo que a música respire entre a agressividade e o lirismo. Há faixas de impacto imediato, como “My Mind Is a Mountain” e “Milk of the Madonna”, mas o disco não se apoia em hits isolados. “Private Music” funciona como um organismo único, em que cada música fortalece a outra.

Esse equilíbrio é o que faz do álbum um ponto alto tardio da discografia. Enquanto “Ohms” parecia querer abraçar todas as fases da banda em um único registro, “Private Music” é mais seguro de si. O Deftones não tenta agradar ninguém além de si mesmo, e é justamente isso que o torna tão poderoso. O disco assume riscos, explora novas texturas, resgata elementos antigos e ainda soa urgente, como se o grupo tivesse acabado de começar sua jornada. Em um catálogo recheado de clássicos, “Private Music” já pode ser colocado entre os trabalhos mais importantes da banda.

Nota: 100/100 | Deftones, “Private Music”

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