O cinema japonês tem um histórico de explorar a vingança de maneira visceral, seja nos chambaras clássicos ou nas incursões contemporâneas no gênero de ação e terror. “Demon City” (2025), dirigido por Seiji Tanaka, segue essa tradição ao trazer um protagonista brutalizado pelo destino, que retorna do limbo para acertar contas com uma organização criminosa mascarada por “demônios”. Disponível na Netflix desde 27 de fevereiro, o longa se apoia em convenções estilísticas conhecidas, mas nem sempre consegue subverter sua própria previsibilidade.
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A trama acompanha um ex-assassino que, após ser traído e ver sua família brutalmente assassinada, sobrevive milagrosamente e passa doze anos hospitalizado. Ao sair do coma e ainda preso a uma cadeira de rodas, cruza novamente com a gangue que destruiu sua vida. Um evento sobrenatural o transforma em uma força imparável de vingança, explorando o mito do anti-herói possuído por uma entidade sombria.
A primeira grande sequência de ação se destaca ao mostrar o protagonista em desvantagem física, precisando se adaptar ao novo poder que o domina. Há um senso de urgência e imprevisibilidade que torna esse momento especialmente impactante. No entanto, essa abordagem logo é descartada: recuperado rapidamente, ele se torna apenas mais um guerreiro superpoderoso em uma narrativa de vingança sem grandes inovações.
A cinematografia é competente, mas carrega um excesso de inspirações que não se consolidam como uma identidade própria. O filme bebe da estética de “Kill Bill” e traz elementos que remetem a “O Corvo”, sem a profundidade emocional e estilística desses títulos. A montagem de algumas sequências é confusa, especialmente em momentos onde a coreografia de luta exige maior clareza. A exceção fica por conta da sequência na escadaria, um set piece bem elaborado que demonstra que Tanaka compreende o potencial visual da ação verticalizada, algo que Tony Jaa fez com maestria em “Tom Yum Goong”.
A direção de Tanaka mostra um talento promissor para o gênero de ação, algo notável para quem antes era mais reconhecido por dramas independentes como “Melancholic”. No entanto, “Demon City” se mostra refém de clichês e de um desenvolvimento que parece mais preocupado em acenar para referências do que em construir sua própria mitologia. A sugestão de uma história maior e mais intrigante no desfecho pode indicar planos para uma sequência, mas sem uma abordagem mais refinada, corre-se o risco de repetir os mesmos erros.
O longa se posiciona como um thriller de vingança que cumpre sua função de entretenimento, mas falha em deixar uma marca duradoura. As cenas de luta são bem coreografadas, mas o roteiro e os personagens não se destacam o suficiente para elevar o material. Para os fãs de ação japonesa, vale a pena conferir, mas sem grandes expectativas de algo memorável.
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