O universo das comédias românticas sempre se renova com novas protagonistas em busca do mesmo ideal: o amor em tempos de pressa, expectativas irreais e aplicativos de encontros. “Diário de Uma Garota que Coleciona Foras“, nova produção sueca da Netflix, abraça esse clichê com certo humor debochado, mas também com momentos de sinceridade que expõem as fragilidades de quem insiste em acreditar que a próxima notificação no celular pode ser o início de algo verdadeiro.
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Amanda, interpretada por Carla Sehn, é o centro dessa narrativa. Aos 31 anos, ela chega ao ponto de se perguntar quanto o mundo realmente pode exigir de uma mulher que já investiu tanto em carreira, família e independência. Sua trajetória funciona como um retrato de uma geração que transforma a busca pelo par perfeito em uma maratona de tentativas frustradas, mas que também não abre mão da leveza em meio ao caos. Entre encontros constrangedores, amizades cúmplices e a rotina de um negócio familiar, Amanda se torna um reflexo de ansiedades que atravessam fronteiras.
O roteiro, inspirado no livro de Amanda Romare, utiliza Malmö como pano de fundo para o desfile de encontros, desencontros e situações quase caricatas. E é justamente nessa repetição que reside parte da graça e da limitação do projeto. O enredo evoca ecos de produções como “Sex and the City” e “Love Life”, com a mesma estrutura episódica que mescla aventuras noturnas, diálogos espirituosos e uma protagonista que transita entre o charme e a vulnerabilidade.
A força maior da obra está no carisma de Carla Sehn, que entrega uma Amanda convincente, divertida e um tanto desastrada. A atriz consegue transformar a personagem em alguém real, longe da caricatura da solteira desesperada, trazendo nuances que equilibram libido, insegurança e uma teimosa esperança. O mesmo não se pode dizer do grupo de apoio em torno dela: as amigas e familiares funcionam mais como arquétipos do que como personagens plenamente desenvolvidos, ainda que rendam alguns momentos de comicidade eficaz.
Do ponto de vista estético, “Diário de Uma Garota que Coleciona Foras” aposta em uma linguagem visual ágil, próxima da leveza das séries contemporâneas sobre relacionamentos. Há espaço para diálogos improvisados, cenas de sexo desajeitadas que reforçam o tom realista e até uma pitada de ousadia em pequenos detalhes do cotidiano, sem que isso se torne central. Essa escolha mantém o espectador envolvido, ainda que o terreno seja conhecido demais para causar impacto duradouro.
No fim, o que se tem é uma obra que fala menos sobre o amor romântico em si e mais sobre a persistência em buscar conexão em um mundo que se acostumou a descartar pessoas com a mesma rapidez com que troca de tela em um aplicativo. “Diário de Uma Garota que Coleciona Foras” talvez não revolucione o gênero, mas se sustenta como um retrato espirituoso, cheio de falhas, mas que encontra justamente nessas imperfeições seu charme particular.
“Diário de Uma Garota que Coleciona Foras”
Criação: Tove Eriksen Hillblom, Moa Herngren
Elenco: Carla Sehn, Moah Madsen, Ingela Olsson
Disponível em: Netflix
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