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Crítica: “Die, My Love”

Texto: Ygor Monroe
18 de maio de 2025
em Cannes, Cinema/Filmes, Resenhas/Críticas
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Baseado no romance de Ariana Harwicz, “Die, My Love” mergulha em uma representação crua, febril e intensamente corporal do transtorno mental no contexto da maternidade. Dirigido por Lynne Ramsay, o filme acompanha Grace, uma mulher recém-parida em uma zona rural da França, enquanto a sanidade lhe escapa entre os ruídos persistentes da vida doméstica, a natureza opressora e os limites do desejo e da exaustão. Jennifer Lawrence entrega uma das atuações mais impactantes de sua carreira, canalizando desespero, sensualidade, isolamento e violência emocional com uma entrega que remete ao trabalho de Gena Rowlands nos filmes de Cassavetes.

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Crítica: "Die, My Love"
Crítica: “Die, My Love”

Grace não odeia seu filho. Na verdade, o vínculo que estabelece com o bebê é o único fio de ternura constante em uma realidade que a violenta a cada gesto. É o entorno que a destrói: um marido que tenta ajudar mas não compreende, um ambiente hostil, um corpo que se tornou estranho para si mesma, e um cotidiano onde a repetição de tarefas, pressões sociais e instintos colidem em espasmos físicos e mentais. O roteiro, coescrito por Ramsay, opta por uma abordagem sensorial que dispensa explicações, apostando na potência visual e sonora para traduzir uma psicose que pulsa em cada plano.

A câmera nunca se distancia de Grace. Ela está sempre ali, respirando junto, vacilando, transpirando. A decisão estética de manter a personagem no centro da mise-en-scène cria uma intimidade incômoda com o espectador. O som tem papel narrativo essencial: o zumbido das moscas, o som cortante do vento, o relincho do cavalo que insiste em permanecer correndo no campo como um espectro da própria protagonista. A natureza deixa de ser pano de fundo e se torna uma extensão da desorganização interna de Grace, sempre à beira da ruptura.

Jennifer Lawrence encontra aqui um papel que exige brutalidade e vulnerabilidade em igual medida. Sua Grace é pulsante, violenta, inconsolável. Em muitos momentos, age mais como animal do que como figura racional, se arrastando, rosnando, devorando, implorando. É uma atuação de entrega absoluta, que desconstrói a imagem da mãe idealizada para revelar o que a cultura prefere esconder: a selvageria do puerpério, a perda da identidade, o desespero contido em amar algo e, ao mesmo tempo, desejar desaparecer. Lawrence não interpreta Grace, ela incorpora sua fratura.

A montagem fragmentada e hipnótica serve à natureza instável do filme. Os cortes bruscos, os delírios visuais, a ausência de uma linha narrativa convencional reforçam o colapso psíquico da protagonista. Há uma espécie de circularidade intencional: o filme não avança para uma resolução tradicional. Ele gira, sufoca e retorna aos mesmos pontos, como quem está preso em um looping sensorial. Isso pode incomodar espectadores que esperam uma jornada transformadora, mas é justamente nessa recusa por redenção que “Die, My Love” encontra sua força. O filme entende que algumas experiências são irresolúveis.

O ponto frágil da narrativa talvez seja o personagem interpretado por Lakeith Stanfield. Sua presença representa um desvio na trama, mas carece de densidade e não contribui tanto para a espiral emocional de Grace quanto poderia. Ainda assim, trata-se de uma falha mínima diante da contundência geral do projeto.

A direção de arte evita o excesso de estilização, apostando em elementos naturais, luz difusa e espaços vazios para amplificar a sensação de claustrofobia emocional. A trilha sonora é quase inexistente, substituída por ruídos ambientais que ressoam como sintomas. Tudo vibra, tudo range. O mundo de Grace está sempre prestes a se desfazer.

“Die, My Love” é uma experiência de imersão total. Um filme que não quer explicar, mas sim provocar sensações, instigar reflexões e deixar marcas. Seu impacto está justamente na recusa a suavizar a experiência de uma mulher que enlouquece silenciosamente sob o peso do que a sociedade chama de maternidade. Não há heroísmo, não há lição de superação. Há apenas impulso, carne, necessidade. E dor. Muita dor.

Lynne Ramsay retoma aqui o que já havia explorado em “Precisamos Falar Sobre o Kevin”: o lado sombrio da maternidade, onde o amor e o colapso caminham juntos. Mas vai além, ao rejeitar a noção de redenção e abraçar a animalidade como linguagem. O resultado é um filme corajoso, profundamente desconfortável e, por isso mesmo, indispensável.

⭐⭐⭐⭐

Avaliação: 4 de 5.

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