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Crítica: “Estado de Fúria” (1ª Temporada)

O nome já entrega tudo, mas a série vai além do óbvio. “Estado de Fúria” é um manifesto visual que encarna a raiva como matéria-prima dramática e estoura os limites do que se espera de uma antologia com protagonistas femininas. Nada aqui é sussurrado ou tímido. A série é um furacão emocional, barulhento, sarcástico, vibrante e, acima de tudo, absolutamente consciente do que quer dizer. E diz com gosto.

Crítica: “Estado de Fúria” (1ª Temporada)

Não espere aquele drama polido, que envolve conflitos sutis e finais conciliatórios. O que se vê em “Estado de Fúria” é um desfile de colapsos gloriosamente coreografados, onde as explosões físicas, emocionais, simbólicas não apenas têm razão de ser, como são tratadas com dignidade e até humor. A série escancara o ponto de ruptura como um lugar legítimo de existência, quase libertador. Louça quebrando, cozinhas destruídas, fogo, tapas na cara da moralidade… tudo com uma elegância visual que beira o surreal.

Cada episódio parte de uma mulher à beira do colapso. E o que a série faz de forma brilhante é mostrar que esse colapso não vem do nada. Ele se constrói ao longo de anos de frustrações acumuladas, desprezos cotidianos, opressões silenciosas e silenciadas. É nesse ponto que a obra revela sua força. Não estamos assistindo a exageros, mas a reações legítimas de quem já aguentou demais.

A série acerta ao unir personagens de mundos distintos. Ricas, pobres, famosas, invisíveis. A fúria aqui é universal e democrática. Elas vivem em bairros diferentes, têm vidas distintas, mas se cruzam de forma quase acidental, como se o roteiro dissesse: “vocês estão todas no mesmo barco furado”. E estão. Um porco vagando pelas tramas costura as histórias como símbolo de algo que escapa ao controle, grotesco e libertador.

Visualmente, “Estado de Fúria” é um deleite. A estética é solar, vibrante e propositalmente exagerada, contrastando com a densidade do que está sendo vivido. Os exageros narrativos também funcionam. Há tortura, incêndio, vingança e muitas decisões radicais. Mas tudo vem com um brilho ácido e divertido que impede o drama de se tornar um fardo. A direção sabe brincar com o absurdo sem perder a crítica de vista. É dramático, mas também é deliciosamente cômico.

Já estão disponíveis os dois primeiros episódios, e os demais chegam toda sexta-feira.

“Estado de Fúria”
Direção: Félix Sabroso, Jau Fornés
Elenco: Candela Peña, Carmen Machi, Cecilia Roth, Alberto San Juan, Claudia Salas
Disponível em: HBO Max

Avaliação: 5 de 5.

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