Uma família isolada em uma ilha deserta é o ponto de partida para um drama psicológico que mistura elementos de sobrevivência, mistério e uma sutil incursão pelo surrealismo. “Farol da Ilusão” (The Sand Castle/من وراء الموج) apresenta uma narrativa densa e intrincada, onde a monotonia do cotidiano esconde tensões profundas e segredos que emergem gradualmente, desafiando os limites entre realidade e ilusão.
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Dirigido por Matty Brown, com roteiro assinado por Brown, Hend Fakhroo e Yassmina Karajah, o filme utiliza uma abordagem minimalista para criar uma atmosfera carregada de incertezas. A trama acompanha Nabil (Ziad Bakri), Yasmine (Nadine Labaki), e seus filhos, Adam (Zain Al Rafeea) e Jana (Riman Al Rafeea), enquanto enfrentam a exaustiva rotina de tentar sobreviver em uma ilha remota. Morando em um farol desolado, eles buscam por ajuda, lutam por recursos e lidam com as condições adversas da ilha, até que uma descoberta feita por Jana desencadeia eventos que transformam a história em um thriller psicológico repleto de camadas.
O filme se destaca por uma construção visual e sonora que amplifica seu impacto emocional. A cinematografia de Jeremy Snell é ao mesmo tempo deslumbrante e desconcertante, com composições de cena que oscilam entre a beleza estonteante da ilha e momentos de abstração visual que desorientam o espectador. As escolhas de iluminação e enquadramento são cuidadosamente calculadas para criar uma sensação de claustrofobia em meio à vastidão do cenário.
A trilha sonora, composta por West Dylan Thordson e Kat Vokes, atua como um componente essencial para a atmosfera do filme. Tons sombrios e dissonantes se entrelaçam com momentos de silêncio absoluto, o que intensifica o suspense e adiciona uma camada quase palpável de tensão. O silêncio, em particular, é utilizado com maestria, transformando-se em um elemento tão ameaçador quanto os eventos que se desenrolam.
No núcleo emocional da narrativa estão os jovens Zain Al Rafeea e Riman Al Rafeea, cujas performances ancoram o filme com profundidade e autenticidade. Riman, em especial, oferece uma atuação comovente, equilibrando a inocência infantil de Jana com a carga emocional de alguém forçada a amadurecer rapidamente. Sua presença em cena é magnética, e ela guia o público por uma história que é, ao mesmo tempo, íntima e perturbadora.
A estrutura narrativa não linear reforça a sensação de desorientação, convidando o espectador a interpretar os eventos à medida que eles se desdobram. As reviravoltas finais, que são cuidadosamente sugeridas ao longo do filme, são ao mesmo tempo impactantes e profundamente satisfatórias, oferecendo uma conclusão que exige reflexão.
Embora seja visualmente impressionante, o filme apresenta momentos que podem frustrar alguns espectadores, especialmente devido à sua inclinação por metáforas visuais ambíguas e ausência de explicações claras. Essa escolha, entretanto, é coerente com a proposta da obra: desafiar o público a explorar as camadas subjacentes da história.
O longa é uma experiência cinematográfica provocativa que exige atenção e sensibilidade do espectador. Combinando atuações excepcionais, direção precisa e uma abordagem estética singular, o filme se estabelece como um marco no cinema, explorando os limites da percepção e a complexidade das relações humanas em meio à adversidade.
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