“G20” é um thriller geopolítico que resgata uma tradição específica do cinema de ação: a da figura presidencial em confronto direto com terroristas. A diretora Patricia Riggen, ciente dessa linhagem que vai de “Duro de Matar” a “Ataque à Casa Branca” constrói seu filme a partir de um conjunto de códigos familiares ao espectador, confiando na competência dramática de Viola Davis para sustentar um roteiro previsível, mas funcional.
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O argumento é simples e direto: durante a cúpula do G20 na Cidade do Cabo, um grupo de terroristas liderado por Rutledge (Antony Starr) sequestra líderes mundiais e ameaça hackear os sistemas de segurança globais usando inteligência artificial, deepfakes e manipulação de dados biométricos. Danielle Sutton, a Presidente dos EUA, interpretada com firmeza por Davis, é forçada a recorrer à sua experiência militar para neutralizar a ameaça enquanto busca sua família desaparecida.
O filme deixa claro desde os primeiros minutos qual será sua estrutura narrativa. Estabelece as habilidades da protagonista, apresenta os pontos vulneráveis (a filha hacker, a ameaça digital, o sistema diplomático travado), e antecipa os recursos narrativos que serão resgatados nos momentos finais. O roteiro, assinado por Logan e Noah Miller, não se interessa por subversões ou complexidades. Sua proposta é entregar um espetáculo funcional, guiado por um senso de urgência permanente e uma heroína com credibilidade dramática.
Viola Davis é, de fato, o único elemento que fornece densidade emocional à obra. Sua performance transforma o que seria uma figura simbólica a “presidenta combatente” em uma personagem minimamente crível. Ainda que os diálogos não forneçam muito material, a atriz se apoia em uma presença autoritária e uma energia contida, suficiente para manter o espectador investido na narrativa, mesmo quando o roteiro desliza para o absurdo.
Antony Starr, por sua vez, interpreta Rutledge como um vilão genérico, com motivações esboçadas e pouca profundidade. Embora tenha potencial para algo mais ameaçador, o personagem é reduzido a um antagonista funcional, cuja principal função é manter a ação em movimento. Os coadjuvantes orbitam a trama como peças utilitárias: o Primeiro-Ministro britânico (Douglas Hodge), o agente do Serviço Secreto (Ramón Rodríguez), e o Primeiro Cavalheiro (Anthony Anderson) são usados como dispositivos para ampliar o escopo dramático, mas nunca adquirem densidade própria.
A encenação de Riggen é eficiente, embora sem estilo próprio. A ação se apoia em coreografias seguras, mas pouco inventivas. As cenas de confronto físico, invasões e tiroteios funcionam dentro do esperado, ainda que careçam de impacto real. Há um uso ocasional de efeitos visuais digitais que tenta atualizar o filme às ansiedades contemporâneas (como a manipulação de identidades com IA), mas o roteiro não desenvolve nenhum desses conceitos além da superfície. O resultado é uma obra que parece moderna no vocabulário, mas estruturalmente ancorada em uma lógica de ação dos anos 1990.
“G20” entende perfeitamente o que quer ser e entrega esse produto com convicção. Não há ambição de construir comentário político real, desenvolver personagens com complexidade psicológica ou explorar os dilemas éticos de um mundo automatizado. O filme existe para ser um escapismo funcional, ancorado em uma estrela de prestígio e uma sucessão de clichês gerenciados com competência. Dentro dessa proposta, funciona. Mas exige que o espectador aceite a troca: plausibilidade por entretenimento de fácil digestão.
Veredito: “G20” é um exercício de gênero autoconsciente, que entrega ação previsível com bom ritmo e sustentação dramática mínima graças a Viola Davis. Não inova, mas tampouco falha em sua missão básica: entreter por duas horas, dentro de um circuito fechado de expectativas e fórmulas.
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