O cinema sul-coreano já provou, incontáveis vezes, que sabe trafegar entre o humor e o caos com uma naturalidade que Hollywood ainda tenta copiar. “Hi-Five”, dirigido por Kang Hyeong-cheol, é um desses exemplos que desafiam rótulos: parte do princípio clássico dos superpoderes acidentais, flerta com o absurdo e entrega uma aventura com ritmo acelerado, visuais explosivos e uma dose bem calculada de descompromisso narrativo.
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Não há aqui a menor tentativa de reinventar a roda. E isso é exatamente o que torna o filme tão divertido. Em vez de se levar a sério, “Hi-Five” aposta tudo em um jogo de química entre personagens, design exagerado de ação e uma paleta de cores que transforma o banal em espetáculo. O roteiro sabe que está pisando em terreno já conhecido e escolhe, com inteligência, inverter a lógica da grandiosidade épica ao tratar os superpoderes como um fardo cômico mais do que como vocação heróica.
É nesse equilíbrio entre a irreverência e o caos que a obra encontra sua força. Não estamos diante de um blockbuster convencional, mas de uma produção que entende o próprio tom e se diverte com ele. A escolha de transformar transplantes de órgãos em gatilho para a transformação dos personagens poderia soar grotesca ou melodramática. Mas a direção acerta ao abraçar o nonsense e priorizar a experiência visual, o ritmo frenético e o carisma dos protagonistas acima de qualquer esforço de coerência emocional.
A química entre o grupo é o motor da narrativa. Há uma energia pulsante em cada interação, um senso de camaradagem improvisada que sustenta as falhas do roteiro e empurra a história para frente mesmo nos momentos mais esvaziados de propósito. O diretor parece ter plena consciência de que está criando um universo com potencial serializado, e planta pequenos sinais de expansão futura com habilidade. Mas evita transformar tudo em uma vitrine para sequências ou universos compartilhados, o que, neste contexto, é um alívio.
A estética também se destaca. A trilha sonora, cuidadosamente posicionada, serve como um amplificador emocional das cenas de ação. Os efeitos visuais, embora não revolucionários, cumprem seu papel com estilo e fluidez. O humor, por sua vez, transita entre o pastelão físico e a ironia situacional, com um timing que remete aos melhores momentos da nova geração da comédia coreana.
“Hi-Five” funciona porque entende que nem todo filme de super-herói precisa salvar o mundo. Às vezes, tudo o que se precisa é de uma boa desculpa para colocar personagens improváveis em situações explosivas, sem grandes pretensões metafísicas. A obra entrega isso com honestidade, energia e um senso de espetáculo pop que sabe rir de si mesmo.
Em um momento em que o gênero sofre com desgaste e repetições intermináveis, é revigorante ver um filme que não tenta ser maior do que é, mas que confia no seu elenco, na sua linguagem visual e na sua capacidade de entreter com inteligência. E isso, no fim das contas, é mais raro do que parece.
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