Ícone do site Caderno Pop

Crítica: “High Ground: Cerco Fechado” (High Ground)

Um certo estilo de thriller de ação peca pelo excesso ao depositar demasiada confiança na sua suposta seriedade. “High Ground: Cerco Fechado” caminha exatamente por esse terreno, tentando equilibrar brutalidade de cartel, drama policial e um clima de fronteira que remete ao faroeste moderno, mas sem encontrar a vibração que sustenta produções realmente intensas. O filme apresenta um xerife confrontado por um prisioneiro misterioso e por uma guerra que ultrapassa sua autoridade, porém tudo se constrói dentro de uma lógica genérica que repete escolhas já gastas pelo próprio gênero.

Crítica: “High Ground: Cerco Fechado” (High Ground)

A base narrativa se apoia em arquétipos familiares: a cidade isolada, o xerife endurecido pela rotina, criminosos que agem como forças da natureza e personagens que pontuam diálogos com referências bíblicas para sugerir profundidade. O problema é que nada disso se converte em matéria dramática consistente, apenas sinaliza fórmulas reconhecíveis que diminuem o impacto. A história segue como se estivesse buscando grandeza cinematográfica quando, na prática, só entrega um conjunto de decisões previsíveis.

A direção de James Bamford reforça essa sensação. Há competência na coreografia das cenas de ação e uma noção visual que tenta organizar o caos, mas o filme parece operar em modo automático, como se estivesse preso a uma cartilha rígida do cinema de ação de baixo orçamento. A ambientação funciona, mas carece de vigor. O ritmo se arrasta, a progressão narrativa hesita e a trama perde força justamente onde deveria ganhar intensidade.

Os personagens sofrem com essa falta de foco. O xerife surge como figura central sem que o roteiro ofereça profundidade suficiente para sustentá-lo. O prisioneiro misterioso não alcança o peso dramático que o filme tenta insinuar. Jon Voight aparece comprometido com o papel, mas enfrenta um texto que não favorece suas habilidades. Katherine McNamara tenta construir solidez emocional, porém recebe uma personagem limitada por escolhas que não ampliam sua presença em cena. Tudo soa contido demais, como se ninguém ali tivesse espaço para criar vida própria.

A estrutura revela fragilidades já conhecidas do cinema de ação direto para streaming. Há valores de produção modestos, um roteiro que evita riscos e uma condução que parece reciclada de outras narrativas semelhantes. A sensação é de que o filme se leva mais a sério do que consegue sustentar, criando um abismo entre a ambição do discurso e a simplicidade da execução.

Entretanto, o terceiro ato traz uma faísca de energia real. As cenas de ação finais mostram o que o longa poderia ter sido caso tivesse abraçado desde o início uma abordagem mais direta, mais crua e mais consciente de suas próprias limitações. A montagem acelera, a direção ganha foco e a fotografia encontra uma textura mais interessante. São quinze minutos que finalmente traduzem a proposta do filme, embora cheguem tarde demais para resgatar o todo.

O desfecho abrupto reforça a sensação de um projeto incompleto, quase como se o filme tivesse sido interrompido antes de amadurecer suas ideias. “High Ground: Cerco Fechado” alcança momentos pontuais de eficácia, mas perde força ao optar por um caminho seguro demais, incapaz de renovar seu próprio gênero. O resultado entrega uma obra que tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo e termina sem identidade própria.

“High Ground: Cerco Fechado”
Direção: James Bamford
Elenco: Charlie Weber, Jon Voight, Katherine McNamara
Disponível em: Paramount+

Avaliação: 2 de 5.

Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.

Sair da versão mobile