“Invocação do Mal” se passa em Harrisville, nos Estados Unidos, onde um casal, interpretado por Ron Livingston e Lili Taylor, se muda para uma casa isolada com suas cinco filhas. Logo, a rotina da família começa a ser corroída por eventos estranhos e progressivamente mais ameaçadores. A mãe, perturbada por marcas em seu corpo e uma série de experiências assustadoras, recorre à ajuda de um casal de investigadores paranormais, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Inicialmente céticos, eles decidem visitar o local e percebem que estão diante de uma força demoníaca ancestral. O desafio passa a ser entender sua origem e impedir que ela consuma a família por completo.
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Do ponto de vista técnico, “Invocação do Mal” é um marco dentro do terror comercial do século XXI. A direção de James Wan é precisa, com domínio absoluto do tempo do susto e da construção de tensão. Ao invés de recorrer exclusivamente a artifícios como jumpscares gratuitos, o filme investe na atmosfera e no desconforto crescente. A câmera se movimenta de forma fluida, muitas vezes em longos planos que acompanham os personagens pelos corredores da casa, aumentando o senso de vulnerabilidade e presença maligna.
As atuações são contidas e eficazes. Patrick Wilson e Vera Farmiga entregam performances serenas, o que confere verossimilhança às figuras reais que interpretam. A emoção surge com força nos momentos certos, sem exageros. Lili Taylor, como mãe progressivamente tomada pelo medo e pelo desconhecido, oferece uma performance intensa e física que ancora emocionalmente o filme. A química entre os personagens é convincente e fundamenta o que viria a ser o universo expandido da franquia.
O roteiro é bem estruturado e evita excessos. Constrói tensão com eficiência e intercala momentos de pavor com pausas que permitem o desenvolvimento dos personagens. Há também uma elegância na forma como o sobrenatural é apresentado, priorizando o mistério e a sugestão, em vez de explicações expositivas e gratuitas. Esse equilíbrio entre o drama familiar e o terror é um dos pontos altos do longa.
“Invocação do Mal” funciona não só como filme isolado, mas também como ponto de partida para um universo cinematográfico mais amplo. A introdução sutil da boneca Annabelle e a menção ao caso de Amityville são pistas habilidosas que apontam para o futuro da franquia sem comprometer o foco da narrativa principal. São inserções orgânicas, pensadas com inteligência de franquia.
Mesmo para quem já tem familiaridade com filmes de terror como “Hereditário”, o longa de James Wan não perde relevância. Seu impacto é duradouro justamente por articular classicismo e modernidade com segurança. A atmosfera opressiva, o design sonoro inquietante e o uso estratégico do silêncio criam um filme que respeita a tradição do gênero e, ao mesmo tempo, estabelece novos parâmetros.
“Invocação do Mal” é um exemplo claro de como o terror pode ser sofisticado e acessível. Funciona tanto como entretenimento quanto como construção estética. James Wan reafirma seu domínio do gênero, e o casal Ed e Lorraine Warren, interpretado com empatia e gravidade, se estabelece como uma das duplas mais interessantes do cinema de horror contemporâneo. Mesmo que os filmes subsequentes da franquia variem em qualidade, o original permanece como sua base sólida. Um filme que continua a assustar com inteligência e respeito à sua própria mitologia.
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