“Jackpot: Loteria Mortal” tenta ser sátira futurista, ação desenfreada e comédia absurda ao mesmo tempo e fracassa em todas as frentes. Dirigido por Paul Feig, o filme parte de uma ideia curiosa, mas a transforma em um espetáculo de barulho e vazio narrativo. O resultado é uma experiência cansativa, desorganizada e tão artificial que parece um esboço de roteiro estendido à força.

A premissa até promete algo instigante: em uma Califórnia futurista, uma loteria premia quem conseguir sobreviver até o pôr do sol desde que não seja assassinado antes. Katie Kim, interpretada por Awkwafina, se vê acidentalmente com o bilhete premiado e passa a ser caçada por todos, unindo-se a Noel Cassidy (John Cena), um agente de proteção de ganhadores de loteria. A proposta tem ecos de “O Preço do Amanhã”, misturado com o humor nonsense de “Deadpool”, mas sem a energia, o timing ou a personalidade de qualquer um deles.
O maior problema de “Jackpot: Loteria Mortal” é o tom. Feig não decide se quer filmar uma comédia sarcástica ou um thriller futurista, e essa indecisão contamina tudo. As perseguições são longas demais, a ação é genérica e o humor nunca se sustenta. As piadas soam forçadas, com Awkwafina presa entre o cansaço e a caricatura, e Cena reduzido a uma caricatura física sem qualquer construção real. A química entre os dois é inexistente e isso destrói qualquer chance de envolvimento emocional.
A montagem também é um desastre. Há cortes que parecem feitos em desespero, tentativas falhas de dar ritmo a uma trama que não tem fôlego. O resultado é um fluxo narrativo truncado, onde nada flui e tudo se repete. O filme é tão ruidoso e desordenado que chega a provocar exaustão visual. A cada nova sequência, a história tenta se reinventar, mas tudo que entrega é mais do mesmo: piadas recicladas, planos de ação genéricos e uma direção sem propósito.
Awkwafina, talentosa em outros contextos, entrega aqui uma das performances mais irritantes de sua carreira. Sua personagem reage a tudo com uma mistura de desespero e ironia mal cronometrada, e o roteiro nunca oferece espaço para nuance. Cena, por outro lado, tenta sustentar o humor físico, mas o roteiro o transforma em um coadjuvante perdido dentro de um videogame mal renderizado. Simu Liu até surge como o antagonista, mas sua presença é tão esquecível quanto a trilha sonora que insiste em aparecer a cada três minutos para forçar dinamismo.
“Jackpot: Loteria Mortal” é o tipo de produção que acredita que barulho é sinônimo de diversão. É um amontoado de cenas que gritam, explodem e correm, mas não têm direção nem sentido. A estética futurista parece feita em um painel de LED genérico, e as tentativas de comentário social evaporam em meio à superficialidade.
No fim, o filme tenta ser irreverente, mas cai na armadilha do próprio exagero. É artificial, cansativo e tão descartável quanto o bilhete que dá início à história. Um entretenimento que se vende como sátira inteligente, mas entrega uma paródia de si mesmo.
“Jackpot: Loteria Mortal” é um desastre que tenta brilhar, mas só pisca.
“Jackpot: Loteria Mortal”
Direção: Paul Feig | Roteiro: Rob Yescombe
Elenco: Awkwafina, John Cena, Simu Liu
Disponível em: Amazon Prime Video
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