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Crítica: “Jogos de Sedução” (Juegos De Seducción)

“Jogos de Sedução” tenta provocar, atiçar, hipnotizar. Mas o que deveria ser um thriller sensual recheado de tensão erótica e reviravoltas perigosas se entrega ao roteiro mais previsível possível e acaba como um simulacro de filme. A premissa até flerta com o charme de um noir latino contemporâneo: um golpista bonitão que seduz mulheres ricas e desavisadas até que encontra uma figura tão misteriosa quanto ele, capaz de bagunçar suas certezas. Mas a execução parece um exercício preguiçoso de estilo, com personagens rasos e situações que já nascem esgotadas.

Crítica: “Jogos de Sedução” (Juegos De Seducción)

Sebastián, vivido por Diego Boneta, é um ladrão charmoso que vive de aplicar pequenos golpes em mulheres ricas com a ajuda de seu parceiro Maclo. Em teoria, ele está prestes a se aposentar dessa vida quando cruza o caminho de Carolina, interpretada por Martha Higareda. Ela é a femme fatale do enredo, envolvente e indecifrável, mas que jamais chega a ter a profundidade ou o mistério que o filme gostaria de vender. Tudo é posto de forma mecânica: os olhares calculados, as pistas falsas, as ameaças veladas, como se alguém estivesse marcando um checklist do que um thriller erótico deve ter, sem saber de fato como usá-los.

O maior problema de “Jogos de Sedução” é a falta de coragem narrativa. A direção parece temer qualquer real ousadia, deixando as cenas sensuais entre o genérico e o constrangido, e o suspense gira em círculos até desaguar em um desfecho sem força e com reviravolta protocolar. Há tentativas de tensão, mas o ritmo lento, o texto frouxo e o uso exagerado de trilha sonora melodramática sabotam qualquer chance de gerar impacto real. O que se vê é um desfile de corpos bonitos em enquadramentos calculados que jamais exploram a potência dos personagens ou dos próprios atores.

A fotografia é cuidadosa, a estética tem polimento, mas tudo fica na superfície. É como um cartão-postal sem endereço: bonito, mas vazio. A sensualidade, que deveria conduzir o filme, soa engessada, artificial, sem pulsação. E o suposto mistério por trás das intenções de Carolina é tão mal costurado que, ao invés de seduzir, cansa. Diego Boneta até entrega alguma presença cênica, mas sofre com um roteiro que não lhe oferece mais do que poses de galã em crise. Já Martha Higareda parece perdida em um papel que exige muito mais camadas do que o texto permite explorar.

“Jogos de Sedução” poderia ser um filme sobre manipulação, obsessão, desejo e destruição, como tantos thrillers memoráveis do gênero. Mas opta por seguir o caminho do lugar-comum, desperdiçando elenco, locações e atmosfera em uma narrativa sem fôlego. O resultado é um filme que parece estar constantemente se preparando para algo que nunca acontece. E, para uma história sobre o jogo entre caçadores e presas, não há nada menos sedutor do que a previsibilidade.

“Jogos de Sedução”
Direção: Gonzalo Tobal
Elenco: Diego Boneta, Martha Higareda, Alejandro Speitzer
Disponível no Amazon Prime Video.

Avaliação: 1.5 de 5.

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