Crítica: Lady Gaga, “Artpop”

Lady Gaga sempre desafiou as expectativas, e “Artpop” é o ápice desse impulso criativo. Lançado em 2013, o álbum é um experimento ousado que funde música eletrônica, pop e arte conceitual em uma obra ambiciosa e polarizadora. Desde sua concepção, Gaga deixou claro que este não seria apenas mais um disco de música pop, mas sim uma experiência artística completa. Ao longo de 15 faixas, a artista explora temas que vão desde a fama e o estrelato até a exploração do desejo e da vulnerabilidade, tudo envolto em uma produção sonora altamente carregada de synth-pop e EDM.

Lady Gaga vem ao Brasil em 2025 para um show histórico na Praia de Copacabana, um evento que celebra sua trajetória e sua relevância global. O espetáculo conta com um time de patrocinadores de peso: Santander (banco oficial), Latam Airlines (transporte oficial), Deezer (player oficial) e Eventim (apoiador oficial). A realização do evento fica a cargo da Live Nation e Bônus Track, com suporte comercial da Klefer e apoio institucional da Prefeitura do Rio de Janeiro, Governo do Estado do Rio de Janeiro, RioTur e VisitRio. No Brasil, a distribuição do catálogo de Lady Gaga é feita pela Universal Music. Para mais informações basta clicar aqui.

Crítica: Lady Gaga, "Artpop"
Crítica: Lady Gaga, “Artpop”

A abertura do álbum, “Aura”, já define o tom do que está por vir. A música brinca com sons distorcidos, elementos do flamenco e batidas eletrônicas frenéticas, criando um ambiente caótico e provocativo. Mais do que uma simples introdução, “Aura” é uma declaração de intenções: Gaga não está interessada em seguir fórmulas convencionais. Em seguida, “Venus” continua essa exploração sonora, trazendo uma produção carregada de sintetizadores pulsantes e letras que misturam mitologia e erotismo de forma provocativa.

Os singles principais, “Applause” e “Do What U Want”, exemplificam bem o equilíbrio entre acessibilidade pop e experimentação sonora. “Applause” é uma homenagem direta à adoração dos fãs e à necessidade constante de validação, um tema recorrente na carreira de Gaga. Já “Do What U Want”, inicialmente lançada com R. Kelly e posteriormente regravada com Christina Aguilera devido a polêmicas envolvendo o cantor, é uma das faixas mais introspectivas do álbum. Aqui, Gaga aborda a dicotomia entre o corpo e a mente, refletindo sobre como a fama e a indústria podem consumir a individualidade do artista.

Faixas como “G.U.Y.” e “Sexxx Dreams” mergulham ainda mais fundo na sensualidade e na extravagância, apresentando uma sonoridade dançante e carregada de sintetizadores. “G.U.Y.” é uma inversão dos papéis tradicionais de gênero, onde Gaga se coloca como a dominadora em um jogo de submissão. “Sexxx Dreams”, por sua vez, flerta com o explícito, explorando desejos reprimidos e fantasias sem censura. Já “Jewels N’ Drugs” se afasta um pouco do resto do álbum ao introduzir elementos de hip-hop, contando com participações de T.I., Too $hort e Twista. Embora essa incursão no rap tenha sido uma das partes mais controversas do álbum, ela mostra a versatilidade da artista em navegar por diferentes estilos musicais.

Outro destaque é “Swine”, uma das faixas mais agressivas do álbum, onde Gaga descarrega uma energia visceral e crua. A música, construída sobre batidas eletrônicas frenéticas, é uma catarse que aborda abuso e raiva reprimida. “Mary Jane Holland” traz uma atmosfera psicodélica lidando com temas como o uso de substâncias para fuga da realidade e a construção de uma persona alternativa. Já “Dope”, a balada mais emocional do álbum, se afasta da produção intensa das demais faixas e foca exclusivamente nos vocais poderosos de Gaga e um instrumental de piano minimalista. A vulnerabilidade exposta em “Dope” contrasta com o caráter excessivo do restante do disco, tornando-a um dos momentos mais autênticos do projeto.

Encerrando o álbum, “Gypsy” e “Applause” reforçam a celebração da arte e da liberdade que permeiam toda a obra. “Gypsy” é uma das melhores faixas do álbum, uma ode à liberdade, ao nomadismo artístico e à conexão com os fãs ao redor do mundo. Com uma estrutura crescente que culmina em um refrão explosivo, a música sintetiza bem a grandiosidade que Gaga quis imprimir no projeto. “Applause”, por sua vez, reafirma a tese central do álbum: a relação simbiótica entre artista e público, a ânsia pelo reconhecimento e o prazer de estar sob os holofotes.

A recepção a “Artpop” foi, no mínimo, divisiva. Enquanto alguns críticos elogiaram sua ousadia e experimentação, outros sentiram que o álbum carecia de foco e coesão. Comercialmente, apesar de alcançar o topo das paradas em vários países e vender mais de 2 milhões de cópias mundialmente, foi considerado um desempenho abaixo do esperado em comparação aos lançamentos anteriores da cantora. Mas essa narrativa de fracasso não condiz com a realidade: “Artpop” envelheceu de maneira peculiar, sendo resgatado e reavaliado por fãs e críticos ao longo dos anos como um dos trabalhos mais subestimados de Lady Gaga.

Mais do que um simples álbum, “Artpop” é uma declaração de intenções, um manifesto sobre o que significa ser uma artista em um mundo que constantemente exige conformidade. Ele pode ser caótico, exagerado e por vezes incoerente, mas essa é precisamente a essência da proposta. Gaga quis criar um espaço onde a arte e o pop pudessem coexistir sem restrições, e, nesse sentido, ela triunfou. “Artpop” não é apenas um disco, mas uma experiência, um convite a abraçar o artificial, o exagerado e o espetacular. Em meio a tantas obras que buscam se enquadrar em padrões estabelecidos, é refrescante revisitar um projeto que se recusa a ser categorizado. Se a arte imita a vida, então “Artpop” é o reflexo perfeito de uma artista que nunca teve medo de desafiar os limites do que a música pop pode ser.

Nota final: 100/100

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