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Crítica: Lana Del Rey, “Chemtrails Over the Country Club”

Texto: Ygor Monroe
6 de junho de 2025
em Música, Resenhas/Críticas
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Existe um tipo muito específico de silêncio que antecede a tempestade. Um silêncio espesso, quase suspenso, que encobre um universo em crise iminente. Em “Chemtrails Over the Country Club”, Lana Del Rey captura esse estado com precisão cirúrgica. O disco não se estrutura como um grito ou uma denúncia, mas como um sussurro encharcado de tensão, melancolia e deslocamento. Aqui, o tempo desacelera. E quando para, revela um país exaurido, uma mulher dividida entre a neblina do passado e a impossibilidade de um futuro reconciliado com qualquer noção de normalidade.

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Crítica: Lana Del Rey, "Chemtrails Over the Country Club"
Crítica: Lana Del Rey, “Chemtrails Over the Country Club”

É um álbum que não se importa em agradar. E isso é justamente o que o torna tão forte.

O gesto que conduz a obra é menos o de expandir do que o de comprimir. Não há grandes refrões, nem explosões melódicas ou soluções fáceis. A produção, assinada por Lana ao lado de Jack Antonoff, age como um prolongamento do próprio conceito: rarefeita, contemplativa, muitas vezes seca, quase bruta. A impressão é a de que o disco se desintegra à medida que avança. As camadas vão sendo arrancadas sem pressa, até sobrar apenas o esqueleto de uma artista em suspensão. Um disco inteiro que recusa a lógica da performance em nome da persistência do estado emocional.

É interessante como o álbum se posiciona em relação ao que o precede. Depois de entregar “Norman Fucking Rockwell!”, talvez sua obra mais extrovertida em termos de estrutura e crítica cultural, Lana opta por um recuo dramático. Em “Chemtrails Over the Country Club”, ela parece menos interessada em tensionar o imaginário americano e mais ocupada em sussurrar sobre as rachaduras internas de um império que desmorona sem barulho. Se antes ela provocava o colapso, agora ela o observa de dentro. O colapso virou rotina. A tristeza virou temperatura.

A decisão de operar com timbres tão minimalistas também reflete esse deslocamento. É um disco que não depende de texturas grandiosas para alcançar profundidade. A instrumentação, sempre a serviço da atmosfera, vai se esvaziando propositalmente. Voz, piano, cordas e ambientações flutuantes criam um espaço onde tudo é frágil, volátil, inacabado. Quase tudo parece prestes a desmoronar. É um disco que parece gravado com o microfone virado para dentro.

Outro dado importante está na maneira como a obra trabalha o pertencimento. O título remete ao clube exclusivo da elite americana, mas o “chemtrail”, esse rastro de suspeita, contamina o glamour da superfície. O que antes era paisagem agora é contaminação. Lana canta de dentro do privilégio, mas carrega o cansaço de quem já entendeu que o acesso ao luxo não resolve a lacuna existencial. A estética da alta classe não é mais uma fantasia: é uma prisão emocional.

Há também um certo esgotamento simbólico no modo como ela lida com a própria mitologia. Pela primeira vez, a repetição de certos signos – o escapismo, o romance fracassado, a iconografia americana – não soa como reciclagem, mas como ponto de saturação. É como se ela dissesse: eu já te mostrei tudo que havia para mostrar. E o que restou é essa ausência irreparável. Esse gesto, de fazer do cansaço um material artístico, é uma das maiores ousadias do disco. O álbum não quer brilhar. Ele quer durar.

O fechamento da obra reforça essa ideia de exaustão emocional e criativa. Tudo se encaminha para o silêncio. A voz da artista começa a se ausentar, a produção se torna quase incorpórea. Quando finalmente chega ao fim, não há catarse. Há um apagamento. Uma rendição ao vazio. E é nesse gesto que a obra encontra sua forma mais plena de afirmação: ao desaparecer, ela deixa marcas.

“Chemtrails Over the Country Club” não é um disco que busca o amor do público. Ele pede escuta atenta, pede entrega, pede tempo. É, talvez, a obra mais íntima e menos performática de sua discografia. E justamente por isso, uma das mais potentes. Quando Lana deixa de tentar traduzir o mundo e passa a narrar a sua própria desconexão com ele, algo profundamente verdadeiro se revela. O desconforto aqui não é um efeito. É o núcleo.

E talvez essa seja a maior coragem da artista: não oferecer respostas, não prometer alívio, mas insistir no incômodo como lugar legítimo de permanência.

Nota: 90/100

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