Crítica: Linkin Park, “From Zero”

Linkin Park está de volta com “From Zero”, seu oitavo álbum de estúdio, previsto para ser lançado em 15 de novembro de 2024, pelas gravadoras Warner Records e Machine Shop Recordings. Este álbum marca um retorno significativo após sete anos de ausência, sendo o primeiro desde a morte de Chester Bennington e a saída de Rob Bourdon. Para este novo capítulo, a banda traz Emily Armstrong, vocalista da Dead Sara, para dividir os vocais com Mike Shinoda, e Colin Brittain substituindo Bourdon na bateria.

Os rumores sobre o retorno da banda começaram a circular no início de 2024, quando Jay Gordon, vocalista da banda Orgy, mencionou em uma entrevista sobre uma nova vocalista, o que gerou uma série de especulações. No mês seguinte, as notícias sobre uma possível turnê de reunião começaram a ganhar força, com a Billboard confirmando que o Linkin Park estava em negociações para um grande retorno aos palcos. A ansiedade em torno desse retorno aumentou com o lançamento de uma contagem regressiva misteriosa pela banda, seguida de um grande anúncio no dia 5 de setembro, quando o grupo confirmou Emily Armstrong como a nova vocalista e apresentou oficialmente From Zero.

O álbum abre com “The Emptiness Machine”, que traz uma força que lembra “Minutes to Midnight” enquanto estabelece um caminho sonoro próprio. A música estabelece rapidamente o tom do álbum, misturando o rock pesado com as influências eletrônicas que marcaram o estilo do Linkin Park ao longo dos anos. Contudo, nem todas as faixas acompanham a intensidade inicial de forma satisfatória. “Cut the Bridge”, por exemplo, se destaca como a música mais fraca do álbum, sem conseguir acompanhar a energia do restante do disco, embora ainda ofereça momentos interessantes.

“Heavy Is The Crown” traz uma vibe reminiscente de Meteora, com Emily Armstrong se destacando ao oferecer um grito poderoso que evoca o espírito do Linkin Park de tempos passados. Essa faixa prepara o terreno para “Over Each Other”, uma música que, inicialmente, pode parecer mais suave, mas que, ao longo do tempo, cresce em força e se estabelece como uma das mais marcantes do álbum, se tornando uma das favoritas dos fãs.

“Casualty” é uma das faixas mais pesadas do álbum, carregada de uma energia intensa que remete ao espírito de The Hunting Party, com Mike Shinoda entregando um rap raivoso e explosivo, que se torna um dos momentos mais poderosos da produção. A música é um exemplo claro de como o Linkin Park consegue equilibrar sua veia mais agressiva com elementos mais melódicos e reflexivos.

“Overflow”, por sua vez, traz uma sonoridade que lembra os dias de A Thousand Suns, com uma melodia eletrônica sombria, e os vocais de Emily se destacando em agudos inesperados. A dinâmica vocal entre ela e Mike Shinoda é uma das características mais interessantes do álbum, e essa faixa mostra o quão versátil a nova formação do Linkin Park se tornou. Em seguida, “Two Faced” traz de volta as raízes nu-metal da banda, com riffs pesados e o retorno aos elementos clássicos que caracterizaram o início da banda, com destaque para os toques de turntables de Joe Hahn, que reforçam a energia crua da faixa.

“Stained” apresenta uma abordagem mais alternativa, com um refrão que pode evocar comparações com o trabalho de artistas como Halsey, um toque moderno e acessível que se distende um pouco das sonoridades mais pesadas da banda, mas que ainda assim se encaixa no contexto de “From Zero”. Já a penúltima faixa, “IGYEIH” (I Give You Everything I Have), encerra a seção central do álbum com uma carga emocional intensa, onde Emily se destaca ao cantar com uma frustração palpável, gritando “From now on, I don’t need you!” repetidamente, dando o tom de um desabafo catártico.

O álbum fecha com “Good Things Go”, uma balada introspectiva que traz uma sonoridade mais melódica e envolvente, onde os vocais de Emily e Mike se mesclam perfeitamente, criando uma sensação de conclusão emocional. A música é um fechamento adequado para o disco, trazendo uma mensagem otimista, com o verso “Às vezes as coisas ruins são o lugar para onde as coisas boas vão” servindo como uma metáfora para o renascimento e a superação da banda. O uso de elementos eletrônicos, reminiscente de Living Things, no final da música, cria uma sensação de ciclo fechado, voltando ao ponto de partida do álbum, algo que agrega ao conceito de “do zero” que permeia toda a produção.

Em seu conjunto, “From Zero” é um álbum que carrega uma forte identidade de Linkin Park, ao mesmo tempo que se permite ser uma obra moderna e arriscada. A banda, com sua nova formação, não tem medo de explorar novas direções sonoras, ao passo que presta homenagem aos seus álbuns anteriores. A adição de Emily Armstrong ao vocal é uma mudança importante, e embora ela não busque substituir Chester Bennington, ela respeita seu legado ao trazer sua própria personalidade e energia para a banda, sem tentar imitá-lo. Ela não é Chester, mas está se esforçando ao máximo para continuar a história do grupo, o que fica claro ao longo do álbum.

Em termos de produção, a bateria, em algumas faixas, parece um pouco aquém, com “Cut the Bridge” sendo a maior evidência de que a transição não foi totalmente perfeita. No entanto, “From Zero” é um álbum forte, com momentos brilhantes e uma energia renovada que estabelece claramente que o Linkin Park não está apenas retornando, mas recomeçando. O futuro da banda, com novos membros e uma nova abordagem, está mais do que garantido, e “From Zero” é um excelente marco para este novo capítulo da história do grupo.

Nota final: 88/100

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