Lucy Dacus retorna com seu quarto álbum de estúdio, “Forever Is a Feeling”, um trabalho que explora as nuances do amor, da perda e do desejo. Após uma fase marcante ao lado do boygenius, a cantora se aventura em uma abordagem intimista, navegando entre arranjos orquestrais exuberantes e composições minimalistas. O disco, que traz 13 faixas, não busca reinventar sua sonoridade, mas sim aprofundá-la, trazendo uma melancolia refinada e uma personalidade ainda mais afiada.
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A composição sempre foi o ponto forte de Dacus, e isso permanece evidente. As letras deste álbum são meticulosas, cuidadosas, quase epistolares. Cada faixa parece uma carta que não apenas se lê, mas se sente, transformando emoções abstratas em algo complexo. A vulnerabilidade aqui não é uma fraqueza, mas sim a essência do álbum.
O instrumental desempenha um papel crucial na forma como essas emoções são transmitidas. O piano de “Limerence” adiciona um toque de fragilidade, enquanto as guitarras em “Most Wanted Man” entregam uma energia vibrante, contrastando com a doçura de sua interpretação vocal. Já o single “Ankles” aposta em uma abordagem mais grandiosa, incorporando elementos de câmara que expandem o alcance emocional da faixa. No entanto, em alguns momentos, como nas já citadas “Ankles” e “Most Wanted Man”, a produção soa excessivamente comprimida, perdendo parte da dinâmica que poderia torná-las ainda mais impactantes.
Se há um problema em “Forever Is a Feeling”, ele está na previsibilidade de sua estrutura. As músicas, apesar de bem executadas, às vezes se tornam homogêneas, demasiado limpas, sem a urgência visceral que marcou os primeiros trabalhos da artista. Em comparação com sua discografia, este é um álbum que mantém o alto nível de composição, mas que, em alguns momentos, parece jogar de forma segura demais.
Destaque para “Bullseye”, que conta com a participação de Hozier. A forma como as vozes dos dois se entrelaçam é uma das grandes virtudes do disco, criando um momento de pura simbiose sonora. A faixa funciona como um dos ápices emocionais do álbum, reforçando sua capacidade de capturar sentimentos com precisão quase cirúrgica.
“Forever Is a Feeling” não reinventa Lucy Dacus, mas reafirma sua posição como uma das compositoras mais expressivas de sua geração. É um disco que, mesmo sem correr riscos extremos, brilha na delicadeza de seus detalhes e na força silenciosa de suas emoções. Um testamento ao poder da vulnerabilidade artística e à permanência dos sentimentos que, como o título sugere, ecoam bem além do tempo.
Nota final: 83/100
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