“Madame Teia”: Dakota Johnson lidera longa com inconsistências narrativas e estereótipos

Crítica: “Madame Teia” Dakota Johnson lidera longa com inconsistências narrativas e estereótipos

Madame Teia, Sony Pictures | Foto: Divulgação

No agitado universo cinematográfico de super-heróis, Madame Teia chega aos olhos do público com a promessa de uma trama envolvente e personagens interessantes. Porém, a produção dirigida por S. J. Clarkson enfrenta uma série de desafios que vão além das habilidades clarividentes de sua protagonista.

Desde o início, fica evidente que a trama de “Madame Teia” é repleta de inconsistências e falhas de roteiro. Os espectadores são confrontados com uma história que parece se contradizer a cada reviravolta, resultando em uma experiência confusa e pouco satisfatória.

As atuações, infelizmente, não conseguem elevar o filme. Dakota Johnson entrega uma performance apática, falhando em transmitir a complexidade emocional necessária para o papel de Cassandra Webb. Além disso, a química entre os membros do elenco principal é insuficiente, tornando difícil para o público se envolver emocionalmente com os personagens.

No entanto, entre os aspectos mais decepcionantes do filme, destaca-se a intepretação do vilão, Ezekiel Sims, interpretado pelo ator Tahar Rahim. O personagem se revela um dos piores vilões já vistos no gênero dos super-heróis. Apesar de sua presença ameaçadora, sua execução de planos malignos frequentemente é insuficiente, resultando em erros bobos ou deslizes inesperados que o tornam menos formidável do que inicialmente aparentava ser. Sua falta de habilidade estratégica e a tendência de subestimar seus oponentes contribuem para uma imagem de vilão menos intimidante e, por vezes, até mesmo cômico. A cada golpe falho ou derrota inesperada, sua aura de temor vai diminuindo, tornando-o mais parecido com um vilão de desenho animado do que com uma ameaça genuína. Talvez uma revisão em seu plano mestre e um pouco mais de treinamento em sua base do mal pudessem ter feito dele um adversário mais digno para nossas heroínas.

Além disso, “Madame Teia” apresenta momentos inaceitáveis de incongruência narrativa, como quando uma personagem rouba vários veículos, atravessa fronteiras internacionais e continua sua vida normalmente, mesmo estando sob investigação policial. Essa falta de lógica compromete ainda mais a credibilidade do enredo. Ademais, o filme reforça estereótipos latinos de maneira prejudicial, retratando os personagens dessa origem de forma simplista e exagerada. Por fim, é lamentável notar que “Madame Teia” mal explora seus personagens secundários, deixando-os subdesenvolvidos e sem contribuição significativa para a trama principal. Esses erros narrativos e de caracterização reduzem o potencial do filme e frustram as expectativas do público.

Madame Teia (2024) – Foto: Divulgação

A direção de S. J. Clarkson também e extremamente falha, com uma montagem problemática e um uso questionável de técnicas visuais. O filme tenta criar uma atmosfera única ao explorar a perspectiva de uma aranha, mas acaba falhando ao utilizar planos inadequados e efeitos visuais que prejudicam a imersão do espectador.

Os problemas de “Madame Teia” não param por aí. O roteiro é repleto de estereótipos, especialmente em relação aos personagens femininos e latinos, o que resulta em uma representação superficial e pouco autêntica dessas comunidades. Além disso, o filme carece de originalidade, recorrendo a clichês e referências superficiais que não acrescentam nada à trama.

Apesar dos esforços do elenco, destacando-se a performance de Emma Roberts no papel de Mary Parker, uma personagem grávida que traz uma pitada de humor para a narrativa, “Madame Teia” falha em cumprir suas promessas. O filme se perde em uma teia de desafios que o impedem de alcançar seu verdadeiro potencial e de oferecer uma experiência cinematográfica memorável.

Em um mundo onde grandes poderes costumam vir com grandes responsabilidades, Madame Teia nos faz questionar se isso se aplica também aos filmes de super-heróis. Infelizmente, neste caso, a resposta parece ser um enfático “não”. Resta esperar que futuras produções aprendam com os erros de “Madame Teia” e ofereçam ao público histórias mais bem construídas e representativas.

Madame Teia estreia nos cinemas brasileiros no dia 15 de fevereiro de 2024.

Madame Teia – S. J. Clarkson :☆

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