Existe algo de fascinante quando uma artista decide tomar as rédeas da própria narrativa. E é exatamente isso que se sente ao mergulhar em “Princess of Power”. Marina assume de vez sua independência artística e entrega um trabalho que carrega todos os contrastes que definem sua trajetória: vulnerabilidade, extravagância, doçura e irreverência.
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O álbum, lançado pelo selo que ela mesma criou, surge como uma declaração de autonomia e, sobretudo, de liberdade estética. A impressão é de que Marina entrou no estúdio sem qualquer intenção de agradar ninguém além dela mesma e isso faz toda a diferença.
Esteticamente, é um trabalho que abraça o excesso sem pudor. Sintetizadores pulsantes, efeitos eletrônicos e texturas que transitam entre o lúdico e o futurista constroem uma experiência sonora deliciosamente caótica, quase como um jogo de videogame que desafia o ouvinte a cada fase. A produção é absurdamente coesa e, ao mesmo tempo, inebriante. Funciona como um delírio pop que beira o kitsch e, nesse contexto, isso é um elogio dos mais sinceros.
Mas é importante dizer: “Princess of Power” não entrega grandes profundidades líricas, e talvez nem queira. Existe aqui uma escrita intencionalmente despretensiosa, que brinca com a própria superficialidade enquanto provoca quem escuta. Tudo soa propositalmente exagerado, autoconsciente, quase debochado. É como se Marina dissesse, entre uma camada e outra de synths, que não está mais disposta a se levar tão a sério e, de alguma forma, isso se transforma em uma das maiores virtudes do disco.
Ainda assim, há momentos em que o trabalho flerta com um tom mais cinematográfico, carregado de elementos que expandem a imaginação. Cada detalhe da produção parece dialogar com o conceito central do álbum, como se todo esse universo sonoro tivesse sido cuidadosamente desenhado para contar uma história, não necessariamente linear, mas sensorial.
Se a fase anterior de Marina estava pautada na introspecção e na crítica social, aqui ela se permite ser pura estética, pura fantasia, pura ironia. É um álbum que não pede permissão para existir ele simplesmente ocupa espaço, sem medo de ser estranho, espalhafatoso ou até mesmo ingênuo em certos momentos. E talvez seja exatamente isso que o torna tão magnético.
No fim das contas, “Princess of Power” é menos sobre buscar coerência e mais sobre abraçar os próprios paradoxos. Uma obra que soa como um manifesto não declarado, onde a maior provocação é, justamente, se recusar a ser levada tão a sério. E nesse jogo, Marina vence.
Nota final: 75/100
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