Dirigido por John Woo e estrelado por Tom Cruise, “Missão: Impossível 2” marca um dos capítulos mais visuais e estilizados da franquia. Com a chegada de “Missão: Impossível – O Acerto Final”, prevista para 22 de maio de 2025, vale revisitar esse segundo filme, que, embora divisivo, consolidou o tom mais explosivo e coreografado que a série assumiria nos anos seguintes.
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O enredo é simples: Ethan Hunt precisa recuperar um vírus mortal antes que ele caia nas mãos erradas. O problema está no desenvolvimento dessa premissa, que acaba se perdendo em um roteiro fragmentado e por vezes ineficiente. Apesar de ter sido escrito por Robert Towne (lendário roteirista de “Chinatown”), o script de MI:2 sofre com diálogos expositivos, transições apressadas e subtramas desnecessárias, especialmente o romance entre Hunt e Nyah (Thandiwe Newton), que ocupa tempo demais sem oferecer retorno dramático relevante. As motivações do vilão, interpretado por Dougray Scott, também são genéricas e pouco desenvolvidas.
Entretanto, o filme tem suas virtudes. A direção de John Woo imprime uma assinatura estilística marcante, com câmera lenta, pombas em câmera lenta, duelos coreografados e cortes ousados. Ainda que algumas dessas escolhas pareçam datadas ou exageradas hoje, elas contribuíram para distinguir visualmente o segundo capítulo da série. O uso de cores é ousado, com contrastes e saturações que amplificam a tensão em várias cenas, recurso típico do cinema de ação do final dos anos 1990.
A performance de Tom Cruise mantém o nível de intensidade característico do personagem. Mesmo quando o roteiro falha em sustentar o drama, Cruise injeta presença física e comprometimento. Thandiwe Newton tem carisma, embora sua personagem seja subaproveitada narrativamente. O restante do elenco, incluindo Ving Rhames, cumpre funções pontuais com competência, mas sem grandes destaques.
Do ponto de vista técnico, o design de som é um dos elementos mais bem resolvidos do filme. As sequências de ação (embora não abundantes) são impactantes, especialmente pela sonoridade envolvente e pelas locações. A trilha sonora, que mistura música eletrônica, rock e temas orquestrais, acerta em alguns momentos, mas também entrega faixas que envelheceram mal e destoam do tom da narrativa.
O design de produção merece reconhecimento. As locações em La Perouse (Austrália), as instalações laboratoriais e os espaços abertos na Espanha oferecem um pano de fundo visualmente rico. O filme constrói ambientes esteticamente interessantes, que ajudam a sustentar o impacto visual mesmo quando o enredo titubeia.
“Missão: Impossível 2” talvez seja o capítulo menos coeso da franquia, mas não chega a ser um desastre completo. É um exemplar típico do início dos anos 2000: exagerado, estilizado e altamente autoral em sua forma, ainda que falho em substância. Para fãs da saga, é uma peça curiosa e importante no mosaico de transformações que a série viveu até se consolidar como referência máxima no cinema de ação moderno.
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