“O Clube do Crime das Quintas-Feiras” chega à Netflix com aquela cara de mistério britânico que parece ter saído direto de uma prateleira polida de livraria de aeroporto, mas que, curiosamente, ganha vida no aconchego de uma produção que prefere abraçar o público em vez de desafiá-lo. A premissa é simples: quatro aposentados se encontram para investigar crimes arquivados, até que um assassinato real surge bem diante deles e coloca suas teorias de sofá à prova. O livro que originou a adaptação é publicado no Brasil pela Intrínseca, e vale o registro para quem quiser mergulhar na fonte.
- Lollapalooza 2026: line-up tem Sabrina Carpenter, Tyler, The Creator, Chappell Roan e Deftones
- Confira a agenda de shows de setembro em São Paulo
- Saiba o que chega aos cinemas em setembro de 2025

O filme conduz a narrativa com a cadência de uma tarde chuvosa no interior da Inglaterra. Chris Columbus cria uma atmosfera que mistura o conforto televisivo com o apelo cinematográfico mínimo, sem arriscar, mas também sem se perder. O resultado é aquele tipo de obra que funciona como antídoto contra o caos: charmosa, previsível e, de certo modo, tranquilizadora. Quem procura tensão real vai sentir falta, mas quem gosta de um whodunit que parece chá com bolo encontra exatamente isso aqui.
O grande trunfo está no elenco. Helen Mirren domina a tela com inteligência afiada, Pierce Brosnan oferece carisma sem esforço, Ben Kingsley imprime peso dramático equilibrado com humor calculado, e Celia Imrie rouba a cena com uma leveza que só ela sabe dar. A química entre eles é irresistível, e essa energia sustenta até os momentos em que a trama se mostra óbvia. O quarteto transforma diálogos simples em puro entretenimento, e os coadjuvantes funcionam como aquele tempero que não muda o prato, mas deixa o sabor mais marcante.
Tecnicamente, Columbus não reinventa nada. O ritmo é seguro, quase tímido, mas é nessa previsibilidade que reside o charme. O filme escolhe o conforto ao invés do risco, e isso reflete também no roteiro: as reviravoltas são funcionais, porém nunca impactantes. A sensação é de estar diante de uma versão menos corrosiva de “Knives Out”, mas isso não diminui o mérito de assumir a leveza como proposta central.
Há um mérito em transformar a fragilidade da velhice em potência narrativa. O filme toca em temas como corpo que envelhece, memória que falha e distância entre gerações sem cair em caricatura ou pieguice. São pequenas camadas que aparecem entre uma xícara de chá e outra, lembrando ao espectador que mesmo a comédia policial mais doce carrega algo de humano por baixo.
“O Clube do Crime das Quintas-Feiras” pode não ser explosivo, mas cumpre o que promete. É entretenimento acolhedor, feito para ser consumido sem pressa, com sabor de rotina britânica e o peso de um elenco que transforma o ordinário em especial. Quem entrar esperando uma tempestade sai com um cobertor quentinho. E às vezes, é exatamente isso que o cinema precisa entregar.
“O Clube do Crime das Quintas-Feiras”
Direção: Chris Columbus
Elenco: Helen Mirren, Pierce Brosnan, Ben Kingsley, Celia Imrie
Disponível em: Netflix
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.






