A ambientação remota e opressiva de “O Devorador de Almas” promete um horror sobrenatural de impacto, mas acaba se inclinando mais para um thriller policial que se ancora na construção atmosférica. Dirigido por Alexandre Bustillo e Julien Maury, o filme se passa em uma vila isolada nas montanhas francesas, onde dois casos simultâneos de assassinatos brutais e o desaparecimento de crianças convergem para um mistério envolto em lendas e paranoia coletiva. O filme e um dos destaques do catalogo do Adrenalina Pura.
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A narrativa segue dois policiais antônimos: um detetive da cidade, mais cínico e racional, e um gendarme local, imerso na mitologia regional. A dinâmica entre os dois, embora clichê, funciona bem no desenrolar da trama, servindo como um contraste entre a lógica investigativa e a crença em forças sobrenaturais. O filme manipula bem essa dicotomia, sugerindo constantemente que algo sobrenatural está em jogo, mas sem revelar suas cartas com rapidez.
Visualmente, “O Devorador de Almas” se beneficia do olhar de Bustillo e Maury para atmosferas sufocantes. A vila e seus arredores são retratados como personagens vivos: a neblina rastejante, as florestas ameaçadoras e os becos mal iluminados conferem ao filme um senso de isolamento que intensifica a tensão. A direção de fotografia explora ao máximo as sombras e texturas para criar um terror psicológico eficaz, mesmo que o horror sobrenatural em si nunca se concretize de forma satisfatória.
O maior problema do longa está na sua resolução. O roteiro se complica ao tentar juntar todas as peças de um quebra-cabeça que começa mais promissor do que termina. As reviravoltas finais parecem menos um desenlace orgânico e mais um acúmulo de soluções improvisadas. O mistério, que até então sustentava um clima de inquietação constante, perde força com uma exposição abrupta que parece exigir do espectador uma suspensão de descrença além do razoável.
Apesar disso, a dinâmica entre os protagonistas se destaca como um dos pontos positivos. O choque entre suas perspectivas adiciona camadas à narrativa, e a atuação contida dos atores ajuda a manter um senso de realismo em meio às inclinações mais fantásticas do roteiro.
No fim, o longa é um thriller competente que se apoia em sua atmosfera e personagens para criar suspense, mas se perde na hora de entregar um clímax convincente. Quem busca um horror mais visceral pode se decepcionar, mas aqueles que apreciam um suspense atmosférico com elementos sobrenaturais sutis podem encontrar aqui um entretenimento envolvente, mesmo que imperfeito.
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