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Crítica: “O Esquema Fenício” (The Phoenician Scheme)

Texto: Ygor Monroe
31 de maio de 2025
em Cinema/Filmes, Resenhas/Críticas
0

Wes Anderson retorna com “O Esquema Fenício“, uma comédia de aventura que conjuga o humor morto, os enquadramentos milimetricamente simétricos e o maximalismo detalhista que se tornaram marca registrada de sua filmografia. Desta vez, o cineasta, ao lado do roteirista Roman Coppola, investiga o conflito entre legado e afeto ao acompanhar o magnata Zsa-zsa Korda, interpretado por Benicio del Toro, e a única filha mulher, a freira Liesl, vivida por Mia Threapleton. Ambos embarcam em uma corrida global para viabilizar o “Korda Land and Sea Phoenician Infrastructure Scheme”. O itinerário envolve negociações com empresários inescrupulosos, farsas de bastidores e perigos que oscilam entre a farsa cartunesca e o suspense quase bergmaniano.

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Crítica: "O Esquema Fenício" (The Phoenician Scheme)
Crítica: “O Esquema Fenício” (The Phoenician Scheme)

A estrutura narrativa adota o formato de capítulos, cada um antecedido por cartelas tipográficas que descrevem o local, a data e a etapa do empreendimento. Essa escolha ecoa a cartografia literária que Anderson já explorou em “O Grande Hotel Budapeste” e “A Crônica Francesa”, mas aqui ela serve a um propósito duplo. Primeiro, situar o espectador em uma trama que percorre portos mediterrâneos estilizados, arranha-céus art déco em Tânger e parques de diversões inacabados em Hong Kong. Segundo, reforçar a ideia de que o projeto faraônico de Korda é tão fragmentado quanto a sua própria relação com a filha.

Benicio del Toro oferece uma atuação concentrada em microvariações de expressão. O magnata raramente altera o timbre, mas cada pausa evoca camadas internas de arrogância, temor e uma forma torta de carinho pela herdeira. Mia Threapleton, por sua vez, encarna Liesl como alguém que equilibra devoção religiosa e senso prático, construindo uma dinâmica de cumplicidade silenciada entre pai e filha. Michael Cera surge como o tutor Bjorn, figura de humor constrangedor e ponto de vista ingênuo, papel que o ator domina desde “Juno”. O contraste de registros leva o trio a compor uma família disfuncional em que as palavras importam menos que as ações.

A direção de fotografia de Bruno Delbonnel adota uma paleta menos saturada que o usual para o diretor. Tons sépia, rosa esmaecido e azul pastel dominam a tela, criando um ambiente contido que conversa com a temática da decadência de impérios familiares. A decisão de suavizar o colorido hiperbólico típico de Anderson se traduz em uma melancolia difusa, sugerindo que essa talvez seja a obra mais crepuscular do autor desde “Os Excêntricos Tenenbaums”. Quando cicatrizes de guerra e asfalto se misturam ao interior de uma igreja barroca minimalista, as composições rígidas de cenografia ganham respiro emocional.

A trilha sonora de Alexandre Desplat explora padrões rítmicos quase militares, pontuados por clusters dissonantes que remetem a Samuel Barber. Essa opção musical amplifica a tensão entre ordem e caos, característica central na filmografia de Anderson. A montagem, assinada por Barney Pilling, alterna cortes secos com transições que fazem uso de jump cuts discretos, principalmente durante as “experiências periódicas de quase morte”. Esses segmentos, rodados em preto e branco de alto contraste, desalojam o espectador da estabilidade cromática do restante do filme, sublinhando a fronteira entre a vida aristocrática e o submundo que o magnata é obrigado a atravessar.

Entre as participações especiais, aparecem figurões habituais do repertório do diretor, como Tilda Swinton e Willem Dafoe, em pontas que orbitam a trama sem, no entanto, roubar a cena do trio principal. A exceção é Jeffrey Wright como um engenheiro libanês que funge de consciência moral da história, oferecendo a del Toro um espelho desconfortável sobre ética empresarial.

Tematicamente, “O Esquema Fenício” dialoga com obsessões anteriores de Anderson mas as articula em chave menos nostálgica. Aqui, a melancolia não é lençol de conforto, e sim força motriz que impulsiona personagens para frente. O filme examina a contradição de um patriarca que busca imortalizar o próprio nome enquanto percebe sua fragilidade física e afetiva. O humor nasce dessa tensão, filtrado pelo esqueleto visual típico: planos frontais, eixo de câmera estático, movimentações laterais em trilho, e objetos dispostos como vitrines de museu.

O maior risco do longa reside justamente em sua familiaridade. Para o público iniciado, a obra cumpre a promessa de um banquete estético, porém deixa entrever poucos sinais de reinvenção. Há lampejos de novidade no flerte com o quase expressionismo dessas sequências preto e branco de quase morte, mas eles se dissipam rápido, subsumidos pelo rigor da forma. Ainda assim, o roteiro, coescrito com Roman Coppola, demonstra disposição em explorar moral ambígua de maneira mais frontal do que filmes como “Lua de Júpiter” ou “Cidade dos Asteroides”, algo perceptível no dilema ético de Liesl abandonando votos religiosos para servir ao pai.

Alguns espectadores podem estranhar o distanciamento emocional que nasce dessa abordagem quase museológica da mise-en-scène. Contudo, é justamente nesse contraste entre forma fria e conteúdo melancólico que o filme extrai sua força. O clímax entrega, sem fanfarra, uma catarse contida: Korda repete em sussurro a frase “Alles war Liebe” (tudo foi amor) enquanto entrega à filha a chave simbólica do império, e pela primeira vez a câmera move-se em círculo completo ao redor dos dois, quebrando a simetria e admitindo vulnerabilidade.

Em última análise, “O Esquema Fenício” não revoluciona a linguagem de Wes Anderson, mas aprofunda seu interesse em personagens lacônicos e em afetos contidos. A sofisticação visual permanece impecável, agora temperada por um verniz de desencanto histórico que impede o filme de se reduzir a mero exercício de estilo. Para quem rejeita o cinema do diretor, esta obra dificilmente converterá fãs, mas para quem o acompanha há mais de duas décadas, oferece a recompensa de um autor que ainda refina suas obsessões com precisão de relojoaria.

⭐⭐⭐⭐

Avaliação: 3.5 de 5.

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