O desafio de expandir o universo de “O Senhor dos Anéis” sem comprometer sua essência sempre esteve presente em qualquer adaptação ou prequel que buscasse revisitar a Terra-média. “O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim” tenta equilibrar essa responsabilidade ao narrar a história de Helm Hammerhand e a origem do Abismo de Helm, mas o resultado é uma obra que se perde em decisões artísticas discutíveis e uma execução que oscila entre a ambição e a superficialidade. O filme e um dos destaques do catalogo do Prime Video.
Saiba o que chega aos cinemas em fevereiro de 2025

A trama se passa 183 anos antes da trilogia original, explorando o embate entre o reino de Rohan e Wulf, líder dos Dunlendings. No entanto, apesar da premissa intrigante e do potencial dramático da rivalidade entre essas culturas, o roteiro tropeça em escolhas genéricas e previsíveis, sem a profundidade que marcou as obras de J.R.R. Tolkien. O papel de Hera, filha de Helm, como figura central da resistência, é interessante no papel, mas a execução narrativa não proporciona a complexidade necessária para torná-la memorável.
A decisão de apresentar a história em animação, especificamente no estilo anime, pode ter sido um aceno à diversidade de mídias que adaptaram “O Senhor dos Anéis” ao longo dos anos, incluindo a animação de Ralph Bakshi de 1978. No entanto, a implementação da rotoscopia e da estética híbrida não funciona de maneira coesa. Há uma desconexão visual entre os personagens e os belíssimos cenários de fundo, criando uma estranheza que não contribui para a imersão. Em algumas cenas de batalha, a animação impressiona pela fluidez e brutalidade, mas em momentos mais introspectivos ou narrativos, a inconsistência da qualidade gráfica distrai mais do que envolve.
Outro ponto que prejudica a experiência são as referências forçadas à mitologia já estabelecida. A decisão de incluir Sauron coletando anéis e a insinuação da presença de Gandalf no final parecem mais um esforço para conectar o filme à franquia principal do que uma necessidade narrativa genuína. Em vez de fortalecer a identidade própria de “A Guerra de Rohirrim”, esses elementos reforçam a sensação de dependência excessiva do material já consolidado.
O ponto alto do filme reside na trilha sonora e na construção sonora do ambiente. A narração de Miranda Otto, reprisando sua icônica Éowyn, confere um tom solene e respeitoso à obra. Além disso, a homenagem a Bernard Hill no final da projeção adiciona uma camada emocional genuína, consolidando “A Guerra de Rohirrim” como um tributo à Rohan e sua herança dentro do universo tolkieniano.
Brian Cox, como Helm Hammerhand, entrega uma performance competente, mas sem grandes momentos de brilho. Isso se deve, em parte, ao próprio roteiro, que não permite nuances suficientes para que seu personagem se destaque verdadeiramente. A jornada de Helm e sua transformação ao longo do conflito perdem impacto diante de um desenvolvimento apressado e pouco aprofundado.
“O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim” não é um desastre, mas tampouco é uma peça essencial dentro do cânone de adaptações de Tolkien. Sua ambição esbarra em limitações estilísticas e narrativas que impedem que alcance o status de uma grande expansão do universo da Terra-média. Para os fãs de Rohan, pode servir como um exercício de nostalgia e respeito ao legado de personagens como Éowyn e Théoden. Mas, para aqueles que esperavam um épico à altura do nome que carrega, a sensação final é de um potencial apenas parcialmente realizado.
Fique por dentro das novidades das maiores marcas do mundo! Acesse nosso site Marca Pop e descubra as tendências em primeira mão.