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Crítica: “Outro Amor Fora do Tempo” (Sidelined 2: Intercepted)

Existe uma camada de romances juvenis que tenta capturar o caos da vida universitária e revesti-lo de encanto, como se bastasse tensionar a rotina de dois apaixonados para construir algo emocionalmente memorável. “Outro Amor Fora do Tempo” insiste nesse modelo até o limite e acaba exibindo o desgaste desse formato. O filme parece acreditar que um quarterback promissor e uma bailarina dedicada, separados por algumas quadras de Los Angeles, carregam intensidade dramática suficiente para sustentar uma narrativa inteira. O problema surge quando a trama gira em falso ao redor de conflitos inflados, personagens rasos e um universo estético que pouco se compromete com credibilidade.

Crítica: “Outro Amor Fora do Tempo” (Sidelined 2: Intercepted)

A história tenta construir um romance pressionado por metas, sonhos e a vida acadêmica, como se o cotidiano universitário fosse um motor narrativo capaz de pulsar sozinho. O longa não oferece textura emocional, apenas repete dilemas que soam artificiais, sempre orbitando em torno de uma relação que se leva mais a sério do que realmente funciona na tela. O casal protagonista se move entre crises repetitivas e decisões impulsivas que enfraquecem qualquer tentativa de profundidade.

Alguns detalhes do cotidiano dos personagens chegam a distrair pelo improviso estético. A padaria em que parte do filme se desenrola, por exemplo, estabelece uma dinâmica estranha. Nada ali parece minimamente alinhado à realidade, desde o horário impossível de funcionamento até o hábito dos funcionários de manipular massa e, logo depois, manusear discos de vinil como se esses dois mundos coexistissem naturalmente. O resultado entrega um universo que carece até mesmo da lógica interna que romances leves costumam adotar.

A direção trabalha dentro de um registro previsível, sem energia visual e sem esforço para reinventar o material. A fotografia repete o mesmo problema do primeiro filme, criando uma paleta alaranjada que engole os atores e gera uma sensação plástica, quase artificial. O elenco oscila entre momentos funcionais e interpretações completamente atravessadas pela falta de nuance. O par central perde força sempre que tenta ativar tensões emocionais, enquanto personagens coadjuvantes até apresentam algum charme, mas somem no ruído.

Há também um personagem que poderia funcionar como alívio narrativo dentro desse caos, um barista de perfil indie que surge com mais vida do que o próprio casal. O roteiro, porém, não oferece espaço para que ele respire. Sua presença vira símbolo da frustração do filme: uma ideia promissora deixada de lado em meio a escolhas que desperdiçam o potencial da própria trama.

“Outro Amor Fora do Tempo” tenta construir um drama adolescente para uma geração que entende profundamente os códigos dos romances audiovisuais contemporâneos. O filme se coloca como uma ponte entre ambições, carreiras, amores e autodescobertas, mas escorrega ao transformar tudo isso em sinais superficiais de conflito. Falta densidade, falta coragem estética, falta uma história que enxergue seus personagens para além dos rótulos que usa para vender seu próprio universo.

O longa se apresenta como mais um capítulo de uma franquia que dá sinais de esgotamento. Há pistas claras de que um terceiro filme está sendo gestado, mas a própria obra entrega uma saturação que dificulta acreditar que este universo tenha fôlego para seguir adiante.

“Outro Amor Fora do Tempo”
Direção: Justin Wu
Elenco: James Van Der Beek, Siena Agudong, Charlie Gillespie, Noah Beck, Roan Curtis
Disponível em: Amazon Prime Video

Avaliação: 2 de 5.

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