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Crítica: “Pecadores” (Sinners)

“Pecadores” é um thriller sobrenatural que combina ambição narrativa com estética estilizada, apostando na força de sua dupla principal e na atmosfera carregada de tensão e simbolismo. Dirigido por Ryan Coogler, em mais uma colaboração com Michael B. Jordan, o filme explora um território híbrido entre o horror místico sulista e o drama psicológico, com ecos de Stephen King, Quentin Tarantino e elementos visuais que remetem a obras como “Eve’s Bayou”.

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Crítica: “Pecadores” (Sinners)

A premissa irmãos gêmeos (ambos interpretados por Michael B. Jordan) retornando à cidade natal para confrontar traumas e uma presença maligna é eficiente para estabelecer o tom da obra. No entanto, o filme sofre com um primeiro ato excessivamente saturado de personagens, subtramas e temas paralelos que, embora promissores, são frequentemente deixados de lado sem desenvolvimento adequado. A sensação é de uma narrativa que deseja dizer muito, mas que por vezes se perde em sua própria complexidade. Ainda assim, o ritmo, mesmo irregular, jamais compromete completamente o envolvimento.

O elenco é um dos maiores trunfos do filme. Jordan entrega performances distintas como Smoke e Stack, diferenciando com sutileza a personalidade de cada irmão. O estreante Miles Caton se destaca com energia e impacto, enquanto Jayme Lawson reafirma seu talento com uma presença magnética. Wunmi Mosaku oferece profundidade emocional, e Hailee Steinfeld, em seu melhor papel desde “Bravura Indômita”, entrega uma atuação marcada por intensidade e nuance. Jack O’Connell adiciona uma camada de imprevisibilidade à trama, contribuindo para o suspense contínuo.

A trilha sonora, assinada por Ludwig Göransson, é mais uma demonstração de domínio musical. A composição funciona como extensão narrativa, amplificando os climas de tensão e lirismo. Dois momentos musicais em particular elevam o filme a um estado quase transcendente, marcando um raro equilíbrio entre estilo e substância.

Coogler se mostra confortável ao dirigir cenas de ação e violência em espaços confinados, criando sequências que misturam brutalidade e elegância com uma energia reminiscente de “A Hora do Vampiro”. A estética é marcada por uma fotografia sombria, alternando entre luzes saturadas e sombras densas que reforçam o clima opressivo da cidade amaldiçoada. A construção dos cenários e a direção de arte ajudam a mergulhar o espectador num universo onde o real e o sobrenatural se entrelaçam de forma orgânica.

Ainda que o roteiro apresente mensagens políticas e sociais, sua articulação é vaga e, por vezes, confusa. As alegorias sobre pecado, repressão e redenção parecem menos interessadas em coerência temática e mais empenhadas em gerar sensações, o que não prejudica totalmente a experiência, mas enfraquece a possibilidade de leitura mais densa da obra.

“Pecadores” é um filme irregular, mas cheio de personalidade. Sua maior qualidade está na forma como abraça o exagero, o misticismo e o caos emocional sem pedir desculpas, oferecendo um espetáculo para adultos que valorizam o cinema como experiência sensorial, mesmo que imperfeita. Combinando horror, mitologia e conflitos internos, Coogler entrega uma obra instável, porém vibrante, que mesmo falhando em alguns aspectos estruturais oferece momentos de cinema genuinamente impactante.

Avaliação: 4 de 5.

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