A essa altura, a franquia “Predador” já deixou claro que o universo da criatura-troféu não se esgota em tiroteios no mato e camuflagem térmica. Com “Predador: Assassino de Assassinos”, o salto para a animação adulta é mais do que um desvio experimental. É um reposicionamento brutal e visualmente eletrizante da mitologia do caçador interestelar.
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Desta vez, a criatura atravessa séculos e continentes em um recorte antológico que foge das fórmulas desgastadas do cinema de ação e aposta em uma estrutura segmentada, amarrada por um único impulso narrativo: a caçada. Três histórias, três tempos históricos, três variações de carnificina, todas embaladas por uma animação que recusa o acabamento liso e aposta em textura e selvageria visual. Não é para parecer bonito. É para impactar.
A direção de Dan Trachtenberg, acompanhado por Joshua Wassung, mostra fôlego para sustentar essa guinada estética e tonal. Nada do que se vê aqui é gratuito. Existe uma precisão formal na forma como o movimento, a violência e a composição das cenas reforçam a ideia de sobrevivência como força bruta e instintiva. O trabalho da The Third Floor na animação carrega esse espírito com pinceladas nervosas, traços quase rudes e um senso de movimento que transforma cada luta em uma performance de urgência e desespero.
Os segmentos históricos, embora distintos, se conectam por uma tensão que é sempre crescente. A narrativa está mais interessada em amplificar sensações do que em entregar grandes reviravoltas. Funciona. E funciona porque entende que, dentro dessa mitologia, o peso simbólico está no duelo – no olhar entre presa e predador. É nesse confronto que o filme encontra sua voz.
Há momentos em que o roteiro tenta justificar demais, esticando diálogos que não têm muito a dizer, mas esses deslizes se dissolvem rápido. O que importa aqui é ritmo, impacto, atmosfera. E nesse sentido, a direção acerta em cheio ao manter cada segmento curto, direto e com ambientações visualmente distintas. É como se cada cenário respirasse seu próprio tipo de agonia.
Mesmo que o episódio final não alcance a contundência dos anteriores, a amarra entre os três momentos é eficaz. O encerramento fora da Terra expande o escopo da franquia sem parecer forçado, deixando a sensação de que o universo do Predador ainda tem espaço para crescer em direções ousadas – e não necessariamente dependentes do live-action tradicional.
“Predador: Assassino de Assassinos” assume riscos, entende o poder do formato animado e o utiliza não como muleta estilística, mas como ferramenta narrativa legítima. É sangrento, estilizado, inquieto. E mais importante: dá novo fôlego a uma franquia que, há tempos, pedia por reinvenção.
Se for por esse caminho, essa criatura ainda tem muito território para conquistar.
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