Com “Girls”, Princess Nokia reafirma sua posição como uma artista que desafia padrões e expectativas. Ao invés de se render ao caminho fácil do mainstream nova-iorquino, ela mergulha em um terreno experimental, punk e sonoramente denso, consolidando uma identidade que mistura o excêntrico de Tyler, the Creator com o thrash-synth lo-fi de Bikini Kill, enquanto sua rima fria e precisa atravessa as faixas como uma assinatura de empoderamento e desdém calculado.
O álbum abre com “Girl FM”, uma introdução que prepara o terreno para “Blue Velvet”, uma faixa sombria de boom bap que confronta abusadores e exibe sua vulnerabilidade sem concessões. Logo em seguida, “Medusa” se transforma em um trap metal industrial, comparando-se à mítica górgona e reforçando sua capacidade de transformar traumas em agressividade artística. “Period Blood” traz um momento de estranheza proposital, explorando menstrução e autismo de forma crua e provocativa, revelando nuances pessoais que ressoam intensamente para quem compartilha dessas experiências.
A primeira metade do álbum se encerra com “Matcha Cherry”, uma celebração pop-rap da feminilidade, seguida por “Drop Dead Gorgeous”, que combina electropop, dance-pop e electro hop com letras sobre atração e estética, pintando um retrato afiado e contemporâneo de desejo e identidade. “Gossip Girl” ironiza rivalidades femininas com sagacidade, enquanto “Beach Babe” mistura hedonismo e fantasia em uma ode à fuga e à liberdade.
No segundo ato, “Pink Bronco” mostra Nokia em um momento de introspecção, desejando simplicidade e alívio das pressões externas, com arranjos de violino que equilibram a rudeza de sua lírica. “Phoebe Philo” presta homenagem à sofisticação discreta, enquanto “Art Star” encerra o álbum de maneira minimalista, refletindo sobre autoconhecimento e processo criativo, como se fosse uma carta aberta para si mesma e para o público.
“Girls” é uma obra que transcende gêneros, equilibrando momentos de celebração, dor, empoderamento e crítica social. Princess Nokia entrega um manual de sobrevivência e autenticidade feminina, retratando com clareza as contradições de ser jovem, mulher e artista no século XXI. O álbum impressiona pela coragem em expor vulnerabilidades e pela habilidade de transformar experiências pessoais em narrativa universal, consolidando “Girls” como um marco na discografia da rapper nova-iorquina.
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