A sociedade digitalizada transformou o voyeurismo em entretenimento, diluindo nossa empatia na imensidão da internet. Em meio a esse cenário, “Red Rooms: Obsessão Doentia” surge como uma acusação direta à solidão crônica da era digital e à fascinação mórbida pelo crime.
Kelly-Anne é obcecada pelo caso de um serial killer que publica seus crimes no submundo da internet. Enquanto acompanha o julgamento de perto, ela busca por uma prova do assassinato de uma jovem que estranhamente se parece com ela.
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O filme, que estreou no Canadá em 2023, chegou ao público brasileiro apenas em 2025. Além de estar disponível no catálogo do Prime Video para aluguel ou compra, também integra as novidades do catálogo do Telecine.
“Red Rooms” é uma obra de atmosfera densa e inquietante. A direção aposta em um minimalismo rigoroso, utilizando iluminação fria, composições simétricas e uma paleta de cores que reforça o isolamento emocional da protagonista. A trilha sonora trabalha com sintetizadores sutis e frequências baixas, ampliando a sensação de inquietação constante. Não há sustos fáceis ou cenas de violência gráfica, mas sim uma construção meticulosa de tensão psicológica.
A cinematografia merece destaque. A câmera frequentemente mantém enquadramentos fechados no rosto de Kelly-Anne, enfatizando sua expressão impassível enquanto ela navega pela linha tênue entre repulsa e fascínio. Os longos silêncios e as pausas nas interações reforçam o estado de anestesia emocional da personagem, tornando sua trajetória ainda mais perturbadora.
O roteiro evita explicações expositivas e convida o espectador a preencher as lacunas. A personagem principal não tem motivações óbvias e seu passado permanece obscuro, o que aumenta o impacto de suas ações e decisões. Essa abordagem se alinha a produções como “Zodiac” e “We’re All Going to the World’s Fair”, filmes que trabalham a obsessão e a paranoia de maneira progressiva, sem respostas fáceis.
O comentário social é contundente. “Red Rooms” expõe a banalização do sofrimento na era digital e como a busca incessante por estímulos extremos nos distancia da empatia genuína. A protagonista é um reflexo de uma sociedade que consome o horror como entretenimento e se torna cúmplice daquilo que assiste, mesmo sem perceber.
No fim, “Red Rooms” não entrega alívio ou conforto. A jornada de Kelly-Anne é um espelho incômodo da nossa relação com a tecnologia e a violência midiática. O filme se encerra com uma ambiguidade calculada, deixando um gosto amargo e provocando reflexões sobre os limites do voyeurismo e da moralidade na era da informação. Um thriller psicológico preciso, sufocante e necessário.
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