O cinema escandinavo tem uma forma singular de abordar temas sensíveis, muitas vezes optando por um tom contido, mas profundamente reflexivo. “Sex” se insere nessa tradição, explorando questões sobre identidade, sexualidade e masculinidade através de uma narrativa minimalista, mas densa em significado.
O filme acompanha dois colegas de trabalho na meia-idade, ambos casados e pais, que são confrontados com sentimentos inesperados e complexos após eventos que desafiam sua percepção. Um deles tem sua primeira experiência sexual com outro homem, enquanto o outro passa a ter sonhos eróticos recorrentes com David Bowie. A partir dessas experiências, ambos iniciam uma jornada de autodescoberta, marcada por conversas profundas e um crescente desconforto com os rótulos que a sociedade lhes impôs.
A Imovision lançará no Brasil “Dreams”, vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2025, ainda sem data definida para estreia. Além disso, no dia 3 de abril, chegam aos cinemas “Sex” e “Love”, novos filmes do renomado cineasta Dag Johan Haugerud.
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A estrutura narrativa de “Sex” é deliberadamente simples. O filme abre com um diálogo entre os protagonistas, onde um deles descreve um sonho que gerou nele uma sensação inédita de disforia corporal. Paralelamente, o outro relata sua experiência sexual recente, recusando-se a enquadrá-la como traição ou revelação homossexual. A partir dessas confissões, a narrativa se desenrola através de um constante embate entre aquilo que eles sempre acreditaram ser e as novas possibilidades que se apresentam. O longa se concentra quase inteiramente nos diálogos entre os dois, reforçando a atmosfera introspectiva e emocionalmente carregada.
A direção aposta em uma estética minimalista, fiel ao estilo nórdico. O uso de câmeras fixas e zooms prolongados cria uma sensação de distanciamento, enquanto os planos longos e os silências prolongados aumentam a imersão psicológica. As interações entre os personagens são marcadas por um realismo cru, com espaço para pausas incômodas e olhares que dizem tanto quanto as palavras. A trilha sonora, dominada por darksynth e composições sutis, contribui para a atmosfera melancólica e introspectiva do filme.
“Sex” é um filme que levanta mais perguntas do que respostas, e essa é uma de suas maiores qualidades. Ele não busca oferecer soluções fáceis ou conclusões definitivas sobre seus temas centrais. Em vez disso, convida o espectador a refletir sobre as nuances da identidade e da autoaceitação. Essa abordagem, no entanto, pode não agradar a todos. O ritmo deliberadamente lento e a falta de uma trajetória narrativa convencional podem tornar a experiência frustrante para aqueles que esperam uma história com um arco mais definido.
Outro ponto que poderia ter sido mais explorado é o papel das esposas dos protagonistas. Elas são personagens periféricas, cujas perspectivas são apenas sugeridas, mas nunca plenamente desenvolvidas. Dado o impacto que as descobertas dos protagonistas têm em suas vidas conjugais, aprofundar essas personagens poderia enriquecer ainda mais a narrativa.
Apesar dessas questões, “Sex” se destaca como um estudo sensível e honesto sobre a complexidade da identidade masculina. Seu maior ponto está na capacidade de transformar uma conversa aparentemente banal em um mergulho existencial profundo. Para aqueles que apreciam filmes que desafiam convenções e estimulam a reflexão, esta é uma experiência cinematográfica que vale a pena ser explorada.
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