“Shadow Force – Sentença de Morte” poderia ter sido só mais um thriller genérico de ação reciclada, daqueles que entram mudo e saem calados nas prateleiras do streaming. Mas alguma coisa aqui funciona. E, surpreendentemente, não é a direção, nem a coreografia das lutas, nem os efeitos prontos para o fast forward. É a entrega do elenco. É a forma como um fiapo de roteiro ganha uma sobrevida quando os intérpretes se recusam a tratar um roteiro morno como algo descartável.
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Joe Carnahan, que já mostrou em outros trabalhos saber explorar o lado mais estilizado da violência e da adrenalina, aqui parece preso entre duas vontades que se anulam: a de criar um drama familiar sobre sobrevivência emocional e a de entregar o escapismo de uma ação desenfreada. No fim, nenhuma dessas camadas se aprofunda o suficiente, mas também não se anulam completamente. O resultado é um filme que vive entre duas intenções e tenta compensar isso com carisma.
Kerry Washington e Omar Sy, por exemplo, parecem estar em um filme melhor do que o que realmente estão. Existe uma honestidade nas atuações que quase disfarça a estrutura batida do roteiro. Eles convencem enquanto casal, convencem enquanto fugitivos e, principalmente, convencem enquanto pais. Essa tridimensionalidade sustenta o que, no papel, seria apenas mais uma história de ex-agentes perseguidos pela própria agência secreta depois de violarem o contrato moral invisível de jamais se apaixonar. É tudo meio melodramático, mas se recusa a ser vazio.
A direção, infelizmente, não acompanha o potencial dramático da história. Falta nervo nos momentos de maior urgência e sobra hesitação nos respiros emocionais. O que deveria ser uma narrativa de tensão crescente parece, por vezes, apenas mais uma sequência de perseguições que se resolvem com cortes rápidos e decisões previsíveis. E quando o gênero exige ritmo, o filme escolhe desacelerar. Quando pede fricção, aposta na segurança.
Mas ainda assim, há algo curioso aqui. O filme não se desmancha no piloto automático como tantos outros do mesmo molde. Ele tenta construir continuidade, mantém uma linha estética coerente, organiza sua narrativa sem recorrer ao caos visual de quem compensa falta de direção com excesso de cortes. Existe uma tentativa de linearidade emocional, mesmo que a execução ainda careça de densidade.
Outro ponto que funciona é a atmosfera. Mesmo sem uma assinatura visual memorável, o longa consegue sustentar um senso de urgência. E embora a vilania não impressione, e os antagonistas tenham menos presença do que mereciam, o conflito central é suficiente para manter o espectador engajado. Não é brilhante, mas é funcional. E no universo dos filmes de ação descartáveis, isso já é mais do que o básico.
“Shadow Force – Sentença de Morte” é um filme que parece estar o tempo todo tentando ser melhor do que realmente é. E essa tentativa, curiosamente, é o que mais cativa. É uma obra que não se apoia na grandiosidade dos efeitos, mas na tentativa sincera de humanizar seus personagens mesmo em meio ao tiroteio genérico. Pode não reinventar nada, pode até soar derivativo em muitos aspectos, mas ainda entrega o suficiente para quem sabe onde está pisando.
Não vai redefinir o gênero. Não vai virar cult. Mas para quem se interessa por narrativas que tentam encontrar emoção dentro da fórmula, há aqui uma fagulha de cinema que resiste ao colapso do lugar-comum.
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