Crítica: Shakira, “Peligro”

Continuando nosso aquecimento para a chegada de Shakira no Brasil em 2025, vamos revisitar o que é, sem dúvidas, um capítulo formativo de sua carreira. Peligro, o segundo álbum de estúdio da artista, lançado em 25 de março de 1993, surge como uma expressão precoce, mas cheia de potencial, de uma Shakira ainda adolescente. À época, com apenas 16 anos, a cantora apresentou ao público colombiano um trabalho que, embora não tenha recebido o apoio merecido e tenha amargado pouco mais de mil cópias vendidas, reflete bem a busca inicial da artista por uma voz autêntica.

Shakira se apresenta no Brasil em fevereiro de 2025. A turnê da cantora no país é uma realização da Live Nation com patrocínio do Santander. Para mais informações, basta clicar aqui.

Crítica: Shakira, “Peligro” | Foto: Reprodução

“Peligro” representa um momento crucial na carreira de Shakira: um segundo esforço, ainda moldado pela indústria e cercado de limitações criativas, mas que já mostra nuances de uma artista inquieta e determinada. Lançado exclusivamente na Colômbia, o álbum é um reflexo das pressões comerciais e da tentativa da Sony de formatar a jovem Shakira como uma estrela latina convencional, antes que ela pudesse assumir o controle artístico que viria a redefinir o pop latino.

Apesar de ter apenas 16 anos, Shakira já revelava suas influências e ambições, mas o controle criativo sobre Peligro escapava de suas mãos. Produzido com o que chamaram de “tratamento de balada norte-americana”, o disco mistura guitarras de rock, pianos e saxofones em arranjos que tentam dar a Shakira um tom comercial, porém, sem a autenticidade que se tornaria sua marca registrada. O próprio título “Peligro” parece irônico, refletindo uma juventude vivida entre a promessa e o risco da exposição precoce.

Músicas como “Tú Serás la Historia de Mi Vida” e “Brujería” tentam projetar Shakira como uma cantora de baladas emotivas, mas falta-lhes a identidade que faria parte do impacto de seus trabalhos futuros. Alguns momentos, como em “Quince Años” e “1968“, trazem uma leve experimentação com percussões latinas e influências africanas, e são nesses toques que se percebe a intuição da jovem artista por algo mais autêntico. Mas são lampejos “Peligro” ainda é um álbum engessado, com músicas que ecoam convenções da música pop colombiana e tentativas frustradas de trazer emoção, mas com pouca profundidade.

O álbum também expõe os desafios de Shakira em um período turbulento para a Colômbia, que vivia os últimos dias da era de Pablo Escobar, enquanto a jovem artista tentava ganhar espaço no mercado musical local. As contribuições de outros compositores, como Desmond Child e Eddie Sierra, soam mais como tentativas de moldá-la segundo padrões pré-estabelecidos, do que como colaborações que realcem sua autenticidade.

O disco reflete o momento formativo e confuso de Shakira. Esse trabalho foi um laboratório para a cantora que, já insatisfeita com o controle da gravadora e com a sonoridade que lhe impuseram, recusaria a ideia de promover o álbum e mais tarde vetaria o relançamento de Peligro e de seu álbum de estreia, Magia. As escolhas feitas aqui, tanto de produção quanto de composição, não refletem ainda a força artística que ela assumiria depois, mas deixam claras as direções que ela escolheria evitar.

O disco, apesar de fazer parte da história da cantora, atualmente não está disponível nos serviços de áudio. Para acompanhar mais de perto os lançamentos de Shakira, basta clicar aqui.

Nota final: 30/100

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