“Sorria 2” retorna com o mesmo sorriso macabro, mas desta vez ampliado por uma narrativa mais ousada e envolvente. Skye Riley, interpretada brilhantemente por Naomi Scott, é o novo alvo da maldição, e a trama se desenrola enquanto ela tenta escapar desse destino sombrio. O diferencial aqui é a forma como o filme combina o terror psicológico com uma análise da cultura da fama, ampliando o horror para um cenário público onde cada passo de Skye é vigiado e amplificado pelas lentes do sucesso e da pressão.
Skye é uma estrela pop no auge da carreira, prestes a iniciar uma turnê mundial. Porém, sua vida começa a desmoronar quando testemunha o suicídio de um antigo colega de escola, Lewis Fregoli (Lukas Gage), e, logo depois, é atormentada por visões perturbadoras de um sorriso maligno. Esse sorriso aparece nos rostos de fãs, amigos e até desconhecidos, transformando sua rotina em um pesadelo constante. O que poderia ser apenas uma continuação genérica de sustos previsíveis se transforma em um estudo intrigante sobre o peso do trauma e as armadilhas da fama.
Naomi Scott brilha intensamente ao dar vida a Skye, uma personagem carregada de complexidade emocional. Diferente do filme original, onde a luta era interna e privada, “Sorria 2” expande o horror para o domínio público, explorando como as pressões externas moldam e destroem a protagonista. Scott oferece uma performance crua e imersiva, à altura de grandes atuações do gênero, como as de Toni Collette e Isabelle Adjani.
Os sustos em “Sorria 2” são mais sutis e eficazes do que no primeiro filme. Se o original apostava em momentos de pavor súbito, aqui o horror é construído lentamente, com um senso de desconforto que cresce a cada cena. Parker Finn, diretor e roteirista, sabe jogar com a percepção do espectador, criando uma atmosfera onde realidade e alucinação se entrelaçam, desafiando a linha entre o que é real e o que é apenas fruto da mente em colapso de Skye.
Apesar de suas qualidades, o filme não é imune a falhas. O uso de CGI no final, por exemplo, quebra a tensão acumulada e soa deslocado. Além disso, o desenvolvimento emocional de Skye poderia ter sido mais profundo em certos momentos, especialmente no que diz respeito à sua reação inicial ao trauma. Contudo, essas falhas são superadas pela força do terceiro ato, onde a narrativa atinge seu auge em termos de tensão e conflito psicológico.
“Sorria 2” não se contenta em apenas repetir a fórmula de seu antecessor. Ao abordar o horror de uma perspectiva pública, ele se aprofunda nas questões da fama e do isolamento, criando um retrato assustador da pressão de viver sob os holofotes. A narrativa se equilibra entre o pavor psicológico e o sobrenatural, oferecendo um olhar mais humano e, ao mesmo tempo, mais aterrorizante sobre as consequências do trauma.